A Lei nº 11-A/2013, que determinou a reorganização administrativa do território das freguesias, levou à anexação das antigas freguesias de Barreiro e Lavradio numa única freguesia. No entanto, essa fusão não considerou as particularidades geográficas e históricas, a realidade e a dinâmica das populações, o movimento associativo, entre outros aspetos relevantes.
Desde a posse dos novos órgãos da Freguesia, após as eleições de 29 de setembro de 2013, têm sido evidentes as dificuldades de adaptação a essa nova realidade.
É importante notar que essa reorganização administrativa gerou desafios e impactos que precisam ser considerados e avaliados para que se possa buscar soluções que atendam às necessidades e características específicas de cada localidade.
o desdobramento de cinco eleitos pelas duas áreas das Freguesias
o aumento de despesa não contemplada em Orçamento de Estado a fim de única e exclusivamente manter os serviços funcionais e prestar às populações os serviços básicos, nomeadamente emissão de atestados, abertura de novas contas bancárias, realização de novos contratos de fornecimento diverso (comunicações, energia, seguros, etc), a adaptação ou aquisição de novos programas informáticos.
Como Freguesia mais antiga do Concelho a população da mesma assume uma identidade arreigada que convive mal com uma certa perda de identidade já secular.
RAZÕES DE ORDEM HISTÓRICA
A zona da Freguesia do Barreiro constitui o núcleo habitacional central do atual Concelho do Barreiro, o centro nevrálgico, administrativo, comercial e habitacional do mesmo.
Da tipologia do Barreiro antigo é patente ainda, a disposição arquitetónica medieval ligada à pombalina.
A sua fundação enquanto Freguesia remonta a 1487 aquando da criação da Paróquia de Santa Cruz, anterior mesmo à carta de Foral de D. Manuel I que em 1521 eleva o Barreiro a Vila e sede do Concelho.
Intimamente ligada à temática dos Descobrimentos a então Vila do Barreiro assumiu um papel fundamental de ligação entre as duas margens do Tejo, no transporte em embarcações tradicionais (faluas, fragatas, varinos e muletas) de bens hortícolas, água potável e outros para Lisboa.
Foi um importante centro de moagem de cereal, com vestígios visíveis nos moinhos de maré e vento ainda existentes, de fabrico de cordoaria, construção naval e de atividade piscatória que ainda subsiste.
Poderá de certa forma dizer-se que a Revolução Industrial Portuguesa se iniciou na Vila do Barreiro, primeiro com a chegada do Caminho-de-ferro em 1857, estando ainda sedeada na sua área as Oficinas da EMEF, a Estação Central do Sul e antiga estação fluvial de ligação a Lisboa.
A chegada da ligação ferroviária potência rapidamente o aparecimento de várias fábricas de transformação de cortiça, tendo a última em laboração funcionado até ao seculo XXI, a antiga fábrica Braamcamp.
Em 1865 com a criação da empresa CUF-Companhia União Fabril, que viria a posicionar-se no Barreiro com fabrico de sabões, rapidamente desenvolvendo para indústria pesada com fabrico de adubos, óleos, depuração de minério entre outras.
Esta conjugação de concentração de indústria promove um acelerado crescimento demográfico mudando a face do Barreiro, com uma rápida urbanização, a criação de bairro operários, primeiro de forma desordenada como é exemplo o Bairro das Palmeiras, depois com a criação de Bairro próprios edificados pelas próprias empresas (CUF, CP).
Do seu passado histórico subsistem no seu edificado:
• Igreja de Santa Cruz
• Igreja da Nossa Senhora do Rosário
• Capela da Misericórdia (1560)
• Portal Manuelino da Ermida de São Francisco
• Conjunto de Moinhos de vento de Alburrica
• Moinho de Maré Pequeno
• Moinho de Maré da Brancamp
• Moinho de Vento na Avenida Bento Gonçalves
• Chafariz do Largo Rompana
• Pelourinho do Largo Bento Gonçalves
• Edifício das Oficinas Gerais de Caminho-de-ferro (atual EMEF)
• Mausoléu de Alfredo da Silva
• Estátua de Alfredo da Silva
• Coreto do Jardim dos Franceses
• Edifício dos Paços do Concelho
O Barreiro tem uma história rica, especialmente através do seu Movimento Associativo. Possui várias organizações com quase ou mais de 100 anos, como o Luso Futebol Clube e o Futebol Clube Barreirense, duas Cooperativas Centenárias e vários edifícios históricos.
O Barreiro tem um passado republicano notável, tanto que a República foi proclamada lá em 4 de outubro de 1910, um dia antes da proclamação nacional.
Durante o Estado Novo, o centro histórico do Barreiro foi um local de forte resistência, com a criação de centros culturais como o Cine Clube do Barreiro, que serviram de base para essa resistência.
RAZÕES DE ORDEM DEMOGRÁFICA
Segundo os dados do Censos 2011, a Freguesia do Barreiro tinha 7.449 habitantes.
No ano letivo 2013/2014 regista-se a seguinte distribuição de alunos, na rede pública:
• 65 Pré-escolar
• 241 1º Ciclo do Ensino Básico
• 318 2º e 3º Ciclo
De registar ainda a existência de várias IPSS com intervenção na área da educação (D. Pedro V, Instituto dos Ferroviários) bem como estabelecimentos de ensino particulares como o Colégio Minerva.
Comparativamente com dados no ano letivo anterior regista-se uma diminuição de alunos no pré-escolar, 2º e 3º Ciclo e Secundário, registando-se um aumento de alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico.
É na Freguesia do Barreiro no entanto que se regista a população mais envelhecida do Concelho, como tal carente de um apoio mais próximo a todos os níveis.
ATIVIDADES INDUSTRIAIS
Encontra-se sedeada na Freguesia o território da Baía Tejo, ex-Quimigal, onde se concentram ainda algumas unidades industriais como a Sovena e PME de vários ramos.
ATIVIDADES COMERCIAIS
Regista-se na Freguesia uma forte componente de comércio tradicional, bem como atividades de prestação de serviços, PME dos mais diferentes ramos, várias farmácias, dependência bancárias e ainda entre outros Centros Comerciais de menor dimensão, o Fórum Barreiro.
Existe ainda o Mercado Municipal 1º de Maio.
EQUIPAMENTOS COLECTIVOS
O Barreiro enquanto centro nevrálgico da Cidade tem na sua área diversos equipamentos coletivos:
• As Igrejas de Santa Cruz e Nossa Senhora do Rosário e Capela da Misericórdia, anteriormente referidas
• A Piscina Municipal do Barreiro
• Mercado Municipal 1º de Maio, igualmente referido anteriormente
• Unidade de Saúde Familiar Eça de Queirós
• CAT
• A Biblioteca e Auditório Municipal do Barreiro
• A repartição de Finanças do Concelho
• A Conservatória do Registo Predial
• Instalações da Junta de Freguesia
• Associação de Reformados Pensionistas e Idosos do Concelho do Barreiro
• Escola Secundária Alfredo da Silva
• Escola Básica do 1º Ciclo com Jardim de Infância José Joaquim Rita Seixas
• Jardim de Infância CAIC
• Espaço J
• Reservas Museológicas
• Arquivo Municipal
• Corporação de Bombeiros Voluntário de Sul e Sueste
• Banda Municipal do Barreiro
• Escola de Jazz do Barreiro
• Esquadra da PSP
• Várias coletividades de desporto, cultura e recreio com sede própria
• Estação dos CTT do Barreiro
• Parque Catarina Eufémia
• Jardim dos Franceses
• Loja Solidária
• Centro Paroquial Padre Abílio Mendes
• Associação Comunitária do Barreiro
• Centro Jovem Tejo
• Passeio Ribeirinho Augusto Cabrita
• Casa Museu Alfredo da Silva
• Museu Industrial
• Casa da Cultura da Quimigal
• Centro de Acolhimento da Santa Casa Misericórdia (jovens mães e crianças)
A extinção de freguesias pelo Governo e PSD/CDS-PP prejudica a democracia, sob falsos argumentos de eficiência e coesão. Resultou na perda de proximidade, redução de eleitos e menor capacidade de ação, além da diminuição da participação das freguesias nos recursos estatais, contrariando o prometido.