PRESIDENCIAIS 1 : INVEJAS…

    A inveja é um sentimento particularmente querido ao sistema capitalista, sobretudo porque substitui, com enormes vantagens, o sentimento de revolta genuína daqueles que reivindicam a retribuição justa  do seu trabalho, ou no limite, exigem trabalho com direitos.

    É conhecido o exemplo canónico do presidente da empresa em dificuldades que manda comprar carros de topo de gama para toda a administração, causando uma enorme revolta nos empregados com salários baixos, mas também uma enorme inveja, que leva os mais timoratos a desunharem-se para chegar ao topo.

    Vem este assunto a propósito das apreciações dos comentadores «encartados», trauliteiros e bem pagos, sempre a defenderem a «voz do dono».Quando é denunciado o escândalo dos gestores públicos e privados, a ganharem dezenas de milhares de euros por mês, ou o indecoro das reformas milionárias acumuladas ( o presidente da República e recandidato Cavaco Silva tem três, no total de dez mil euros!? ) afirmam que tal é tudo dito por inveja.

   Talvez seja, para quem ganha 475 euros por mês de ordenado mínimo, e vê sabotado o compromisso do Governo ( com o conluio dos patrões e da UGT ) de aumentar em 2011 para 500 euros, ficando por um mitigado acréscimo de 10 euros. Até hoje só o candidato Francisco Lopes denunciou este roubo anunciado!

   De facto, faz uma inveja danada ver os milhões de euros distribuídos em dividendos pela PT, EDP, SONAE, etc., com uma carga fiscal minguada, enquanto os vencimentos, as pensões, os subsídios sociais diminuem e os impostos  sobre o trabalho aumentam. O Partido Socialista, que apoia o candidato Manuel Alegre, e a quem este pertence, viabilizou mais este escândalo na Assembleia da República!

   Realmente a inveja é um sentimento muito conveniente para o sistema, enquanto ilude a revolução necessária. Até um dia, quando o povo, ruído de inveja, resolva redimir-se e acabar com o regabofe. Podemos começar já no dia 23!

                                                                          Armando Sousa Teixeira