Já lá vão 37 anos sobre o dia em que, pela primeira vez, se comemorou o dia do trabalhador, em liberdade.
Parece que foi ontem, e, no entanto, muita água já correu por baixo da ponte.
Celebrámos Abril e vivemos Maio na sua integral plenitude. Aprovámos uma Constituição que consagrou o Direito ao Trabalho como um direito fundamental. Aprovámos leis que concretizaram esse direito. O direito a não ser despedido sem justa causa; o direito a férias; o direito a prestar assistência à família; o direito a tempo de descanso; o direito a receber o trabalho extraordinário; o direito à igualdade de tratamento entre homens e mulheres; o direito à justiça laboral; o direito à contratação colectiva; o direito à greve; o direito ao horário de trabalho; o direito à organização sindical.
Tantos direitos que o 25 de Abril de 1974 nos deu e tão poucos os que nos restam agora…..
De pacote laboral em pacote laboral, chegámos a uma situação em que a protecção dos trabalhadores cede diariamente perante os ditames da crise financeira que varre o País.
Perspectivam-se num futuro muito próximo, mais ataques aos direitos que Abril nos trouxe.
A redução da indemnização por despedimento sem justa causa; a exclusão já prevista, do direito a receber o trabalho extraordinário; o aumento do período de duração dos contratos a termo certo; os bancos de horas; o regime de horário de trabalho virado exclusivamente para as necessidades das empresas; a limitação do acesso à justiça laboral com a fixação de taxas de justiça absolutamente incomportáveis; o apoio judiciário reduzido ao máximo possível; a fixação de um salário mínimo nacional que mais não é do que uma esmola; a redução do período de acesso ao subsídio de desemprego; a diminuição das prestações sociais; o aumento da idade da reforma, enfim, vicissitudes de um sistema que apenas num curto período de tempo teve como escopo, a defesa do ideal de Abril.
Vivemos o dia do trabalhador como um dia de luta. Luta pela concretização dos ideais que a Revolução de Abril nos deu. Luta por uma sociedade mais digna, mais justa, mais equilibrada.
É doloroso viver neste País que é o nosso, onde recebemos dinheiro da União Europeia para destruir todo o nosso aparelho produtivo, um País onde se pagam multas por se produzir demasiado leite, um País, onde, pouco a pouco, se foram reduzindo as cotas de pesca, e agora, essa mesma União Europeia, estrangula-nos com as suas regras financeiras, onde, de novo e mais uma vez, somos empurrados para o recurso aos empréstimos do FMI, que passará a ditar ele próprio, as regras de funcionamento de um País e de um Povo.
Que Povo somos nós, que permitimos que isto aconteça?
Vamos celebrar o dia 1º de Maio, o dia internacional do trabalhador, honrando os trabalhadores em honra dos quais foi criado este dia, fazendo deste dia, um DIA INTERNACIONAL DE LUTA.
Dulce Reis
One Response to "CELEBRAR ABRIL, VIVER MAIO!"
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