Colóquio Internacional 150 Anos de Caminho-de-Ferro no Barreiro

Colóquio Internacional 150 Anos de Caminho-de-Ferro no Barreiro

Secretário de Estado dos Transportes Reitera Importância da Alta Velocidade e Terceira Travessia do Tejo

O Secretário de Estado dos Transportes, Carlos Correia da Fonseca, marcou presença na sessão de abertura do Colóquio Internacional, no âmbito das comemorações dos 150 anos de caminho-de-ferro no Barreiro, a 4 e 5 de Fevereiro, no Auditório Municipal Augusto Cabrita. Apesar das dificuldades económicas do País, o Secretário de Estado defendeu como fundamentais os investimentos na Alta Velocidade e na Terceira Travessia do Tejo.

 

Para Carlos Humberto de Carvalho os caminhos-de-ferro representam “um marco incontornável da nossa História”. O Autarca recordou a primeira viagem de comboio entre o Barreiro a Vendas Novas e as transformações vividas no Concelho, a partir de então, ao nível do desenvolvimento industrial, associativo e sociológico, tornando o Barreiro num dos pólos de desenvolvimento do País na segunda metade do século XIX.

Recordou, na sua intervenção, as diversas actividades desenvolvidas no âmbito das comemorações dos 150 anos de caminho-de-ferro no Barreiro, tais como iniciativas com a comunidade educativa, visitas à Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário, SA (EMEF), Passeios pelo Património, Feira Pedagógica, Festas do Barreiro, Carnaval das Escolas e três exposições.

No âmbito do Plano de Urbanização da Quimiparque e Áreas Envolventes (PU), o Autarca manifestou o desejo de preservar e integrar as actuais oficinas da EMEF, a rotunda das máquinas, os armazéns, a estação Sul e Sueste, “elementos marcantes da nossa História. Um património vivo que pretendemos que venha a ser posto à disposição das futuras gerações e a integrar a Rota do Trabalho e do Património Industrial”.

Carlos Humberto de Carvalho pretende que o Concelho possa ter o seu futuro influenciado pela ferrovia e que seja factor sustentável que “ajude a captar passageiros para o transporte público e colectivo”.

TTT – Um factor estruturante do desenvolvimento

Para o futuro, ressalvou a importância da ferrovia poder chegar ao parque empresarial da Quimiparque e da construção da Terceira Travessia do Tejo (TTT) com todas as suas funções rodoviária e ferroviária. “A TTT é uma importante infra-estrutura, um factor estruturante do desenvolvimento e servirá para projectar a Área Metropolitana de Lisboa na Europa. A TTT irá possibilitar o fecho do anel ferroviário e promove a aproximação da Área Metropolitana de Lisboa ao resto do País”.

Mencionou a visão estratégica do Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa (PROT-AML) que prevê Lisboa, como uma cidade de duas margens, cidade-região, polinucleada. “O País necessita de uma região que cresça para sul, para que o País ganhe novas potencialidades”. É por isso que defende como “fundamental a construção da Terceira Travessia do Tejo, indispensável para o desenvolvimento do ponto de vista sustentável desta Região, pois só faz sentido construir a plataforma do Poceirão com a construção da TTT”.

Informou acerca do Plano de Mobilidade da TTT desenvolvido pelos municípios do Barreiro, Moita, Palmela, Seixal e Sesimbra e acrescentou “pelos interesses da região e do País continuamos a defender que se mantenham as oficinas da EMEF na Quimiparque e que se concretize o parque de Oficinas de Alta Velocidade no Barreiro”.

“Não é Poceirão-Madrid, é Lisboa-Madrid”

O Secretário de Estado dos Transportes considerou o colóquio internacional como “uma excelente oportunidade de reflectir o futuro da ferrovia”.

Começou por recordar a história dos comboios em Portugal e o quebrar do isolamento das populações, com o desenvolvimento de uma rede ferroviária.

Apesar das dificuldades económicas do País, defendeu como fundamentais os investimentos na Alta Velocidade e na Terceira Travessia do Tejo.

Lamentou a perda de população do Barreiro nas últimas décadas. Considerou um Concelho deprimido, no quadro de uma grande injustiça. “Investiu-se na Área Metropolitana de Lisboa deixando de fora o Barreiro. Com a TTT vamos fechar o anel ferroviário permitindo uma maior mobilidade”.

Acrescentou a importância da construção da TTT na valorização da importância dos portos de Sines, Lisboa e Setúbal na Península Ibérica.

A finalizar, Carlos Correia da Fonseca afirmou que o TGV não vai ficar no Poceirão. “Não é Poceirão-Madrid, é Lisboa-Madrid”.

No primeiro dia, no período da tarde, inspirado no tema da sua intervenção “Uma linha, duas margens”, o Vereador Rui Lopo, responsável pelo Planeamento, considerou que “a ferrovia tem um papel central no desenvolvimento da cidade e um papel determinante nos equilíbrios da Área Metropolitana de Lisboa a norte e a sul”.

Deseja que o Parque de Oficinas de Alta Velocidade se instale no Barreiro, do território da Quimiparque, no âmbito do Plano de Urbanização da Quimiparque, possibilitando novas sinergias.

A linha assumirá um eixo na Área Metropolitana de Lisboa recorrendo ao Barreiro, “unindo margens, reduzindo distâncias, gerando riqueza, aproximando Lisboa do Barreiro. Aproximando as duas margens, pois para o Barreiro trata-se de uma justiça. O Barreiro do futuro faz-se de opções do presente”.

Adverte para o facto do Barreiro novo não esperar pela Ponte, e lamenta que sem o Parque de Oficinas de Alta Velocidade “tudo terá outra velocidade”.

No âmbito do PU, considerou a Gare do Sul “uma grande estação e será o primeiro passo para a materialização dos nossos objectivos”.

Um colóquio “extremamente rico”

No período de conclusão dos trabalhos, Ana Cardoso de Matos, da comissão científica, definiu o colóquio como sendo “extremamente rico e uma oportunidade para reflectir sobre um conjunto de temas”. Destacou alguns aspectos mencionados nos dois dias, tais como a importância do reforço do comboio na Europa, da sua renovação tecnológica, do surgimento da Alta Velocidade e da possibilidade de articular estes comboios com os tradicionais.

Foi, ainda, abordado o problema das acessibilidades no contexto da AML, pois estas “têm de ser pensadas em várias escalas”. Destacou, também, o problema de financiamento da Alta Velocidade e referiu a importância das obras públicas e da ferrovia como uma potencialidade para a exportação de produtos portugueses.

Ao nível Concelhio foram destacados os aspectos sociais e políticos do Barreiro, para além de uma série de itinerários para preservar a memória, directamente relacionada com o património industrial do Barreiro.

Para Ana Cardoso de Matos celebrar os 150 anos de caminho-de-ferro “é, também, projectar. É uma oportunidade para olhar para a nossa História e propor soluções para o futuro”.

“Queremos ser uma cidade ferroviária moderna”

A encerrar os trabalhos, a Vereadora Regina Janeiro, responsável pela área sociocultural, referiu a importância da Rota do Trabalho e do Património Industrial estar contemplada no PU.

Proferiu palavras de homenagem às famílias dos ferroviários e destacou a preservação desta memória como a razão de ser desta parceria no âmbito das comemorações dos 150 anos de caminho-de-ferro. Fez uma retrospectiva de dois anos de trabalho, “com altos e baixos com avanços e recuos em que os parceiros sempre mostraram interesse”.

A autarca terminou a sua intervenção desejando para o Barreiro mais desenvolvimento. “Queremos manter as oficinas da EMEF no Barreiro, manter os postos de trabalho e a tecnologia. Queremos ser uma cidade ferroviária moderna”. 

Nesse dia, à tarde, decorreu uma visita ao património ferroviário do Barreiro, o itinerário contemplou as oficinas da EMEF, antiga estação de comboios, o bairro operário (dos ferroviários), e a antiga estação Sul e Sueste do Barreiro.

Refira-se que no site oficial da CMB, em www.cm-barreiro,.pt terá acesso às comunicações dos conferencistas. 

Refira-se que a comissão organizadora do evento inclui a Câmara Municipal do Barreiro (CMB), a REFER, Comboios de Portugal, a RAVE, a EMEF, a Fundação Nacional do Museu Ferroviário, o CEHCP – ISCTE e CIDEHUS – Universidade de Évora.

Da comissão científica fazem parte Magda Pinheiro (CEHCP) – ISCTE e Ana Cardoso de Matos – CIDEHUS – Universidade de Évora.

 CMB 2011-02-07

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