A Máquina a Vapor 503, uma das mais emblemáticas da história ferroviária portuguesa, foi produzida e realizada nas oficinas do Barreiro, um centro industrial vital para o desenvolvimento ferroviário do país. No entanto, o que muitos não sabem é que, ao lado dessas oficinas, existia uma verdadeira “máquina do futuro” para a época: a Carvoeira do Barreiro, uma estrutura única em betão construída em 1935, que permitia carregar rapidamente as locomotivas a vapor com carvão. Esta invenção foi um marco para a eficiência do transporte ferroviário, permitindo a rápida reposição de combustível nas locomotivas, algo essencial para a operação de grandes comboios.
A Carvoeira do Barreiro não só era uma inovação em termos de design e funcionalidade, como também inspirou sistemas semelhantes noutros pontos do país, como o terminal de Sines, que mais tarde seria utilizado para carregar carvão nos vagões dos comboios de carga. Este tipo de infraestrutura era crucial para o transporte de carvão, especialmente para as grandes centrais térmicas, como a do Pego, onde o maior e mais pesado comboio de carga da CP era utilizado.
Para vencer as difíceis rampas da Serra de Santiago, a CP recorria a uma solução interessante: três locomotivas da série 1900, equipadas com engates automáticos, que se uniam para garantir a potência necessária para ultrapassar o terreno acidentado. Essa operação, que exigia grande coordenação, mostrava a sofisticação das soluções técnicas da época para resolver os desafios do transporte ferroviário.