A Sala do Rei no Barreiro e a Última Viagem do Comboio Real

Introdução:

No final do século XIX e início do século XX, viajar era uma experiência completamente diferente da atual, especialmente para a realeza portuguesa. O Rei D. Carlos I, a Rainha D. Amélia e o Príncipe Luís Filipe vivenciaram inúmeras viagens, muitas delas marcadas por episódios históricos e trágicos. Um dos locais mais simbólicos desse período é a Estação Sul e Sueste, no Barreiro, onde o comboio real partia ou terminava viagens que hoje residem na memória e nos museus.

A Sala do Rei na Estação Sul e Sueste:

A Sala do Rei, localizada na Estação Sul e Sueste do Barreiro, era um espaço distinto, decorado com requinte e exclusividade. O chão, único em mármore preto e branco, refletia a sofisticação reservada à realeza. Este espaço servia como ponto de espera para o comboio real, puxado pela majestosa locomotiva D. Luís, que os transportava para Vila Viçosa, um dos destinos preferidos da monarquia.

Atualmente, o mobiliário que compunha esta sala está preservado no Museu Nacional Ferroviário, junto ao icônico comboio real. O espaço original, contudo, foi adaptado para outras funções, perdendo parte de sua função histórica, mas nunca o seu significado.

A Última Viagem Real:

A história da realeza portuguesa cruzou-se tragicamente com o progresso ferroviário. Em 1 de fevereiro de 1908, o Rei D. Carlos e o Príncipe Luís Filipe realizaram a sua última viagem. Partiram de Vila Viçosa em direção a Lisboa, desembarcando no Barreiro após a travessia de vapor pelo Tejo. Era uma viagem comum para eles, mas o seu destino mudaria para sempre os rumos do país.

Na chegada a Lisboa, na Praça do Comércio, ambos foram assassinados num dos momentos mais dramáticos da história portuguesa: o Regicídio. Este evento marcou o fim simbólico do comboio real, que, como a monarquia, viu os seus dias contados.

Curiosidades sobre o Comboio Real:

A locomotiva D. Luís era um dos orgulhos da tecnologia ferroviária da época.

A carruagens reais eram luxuosos, equipados com móveis de alta qualidade, tapeçarias finas e comodidades dignas da nobreza.

Hoje, o comboio real pode ser visitado no Museu Nacional Ferroviário, uma janela para o passado que permite compreender o luxo e a sofisticação da época.

Conclusão:

A história da Sala do Rei no Barreiro e do comboio real é um lembrete das mudanças profundas que Portugal viveu no início do século XX. Espaços que já foram palco de eventos grandiosos e trágicos hoje servem como peças de um quebra-cabeça histórico, preservando memórias para gerações futuras.