Outrora, o movimento fluvial no Barreiro era intenso. Varinos e fragatas sulcavam o Tejo e o Coina, carregando e descarregando mercadorias. Neste pontão em particular, chegavam as pipas de vinho do Ribatejo, destinadas ao dono da antiga taberna vinícola, tanto para consumo próprio como para revenda. Esta foi a primeira função deste cais que só podia ser usado durante a maré cheia.
Na imagem, destaca-se o varino da Câmara Municipal do Seixal, uma embarcação que evoca a rica tradição fluvial da região. A sua presença no Barreiro levanta a questão: terá este varino navegado até aqui para uma visita de cortesia, ou transportou turistas ansiosos por explorar as margens do Barreiro? Apesar da sua extensa frente ribeirinha, banhada pelas águas do Tejo e do Coina, dois rios de grande importância histórica e ambiental, o Barreiro enfrenta uma lacuna notável: a ausência de um ancoradouro público adequado. Esta carência impede a atracagem segura de embarcações privadas e turísticas, limitando o potencial de desenvolvimento do turismo náutico na região.
A título de comparação, a nossa recriação da muleta encontra-se em Lisboa, na antiga doca da Marinha, ao serviço de uma empresa privada. Enquanto isso, os barreirenses ficam, literalmente, a ver os navios passarem.