O União Futebol Barreirense voltou a ser aquilo que sempre foi desde 21 de março de 1928: uma casa cheia de histórias, afectos e memória viva do Barreiro Velho. O almoço convívio juntou gerações à volta da mesma mesa, no coração da Rua Aguiar, numa daquelas tardes em que o tempo abranda e abrimos espaço para conversar sobre o que realmente importa.
Entre garfadas e gargalhadas, falou-se das dificuldades que hoje atravessam o movimento associativo popular, mas também se resgataram memórias do Barreiro de antigamente: as figuras emblemáticas, as lojas e tabernas, o comércio que fervilhava nesta rua que é uma das mais marcantes da nossa cidade. Houve ainda tempo para poesia – ouviram-se poemas de Bertolt Brecht – e, sobretudo, fez-se aquilo que as colectividades sabem fazer melhor: construir comunidade.
Deste encontro saiu um compromisso claro: não deixar que estes momentos sejam exceção. Combinámos voltar a reunir-nos com mais frequência e já há uma próxima data marcada – uma ginjinha popular na sede do União, no dia 24 de dezembro, às 17h. Porque um clube como o União, pequeno mas gigante em história, não pode ser apenas uma lembrança. Como tantos outros, sente na pele a ameaça de um encerramento iminente, empurrado por um “desenvolvimento” que muitas vezes esquece as pessoas, as histórias e os lugares que nos fizeram vila e cidade.
Preservar o União Futebol Barreirense é também preservar, transmitir e perpetuar a história do Barreiro Velho e dos rostos que a construíram. Numa altura em que a pressão imobiliária e o esquecimento arriscam apagar a memória da Rua Aguiar e do seu comércio de outrora, reunir-nos aqui é, também, um ato de resistência e de amor à nossa terra. Vêm aí novidades – e elas só fazem sentido se continuarmos juntos, de porta aberta e coração disponível.
Um agradecimento especial a todas as pessoas que estiveram presentes neste almoço, incluindo aquelas que não se cruzavam com o clube há mais de 40 anos, e ao repasto primorosamente preparado pelo Pronto a Comer 47. Que este seja apenas o recomeço de muitas mesas partilhadas no União.
Alexandre Bagarrão Teixeira




