O Barreiro, outrora um bastião da indústria e do movimento operário, está a assistir a uma transformação profunda, impulsionada pela chegada de novos residentes, principalmente provenientes de Lisboa. A outrora acessível habitação, que permitia adquirir um T2 por 100 mil euros enquanto o mesmo imóvel em Lisboa custava 300 mil euros, deu lugar a um mercado imobiliário inflacionado, direcionado para uma classe média alta.
Esta mudança, assumida sem rodeios pela autarquia, contrasta com os persistentes problemas que assolam o concelho. A recolha de lixo deficiente, as ruas esburacadas e a negligência dos espaços verdes, como o Jardim dos Franceses, denunciam a falta de investimento na manutenção e limpeza.
Os cerca de 500 mil euros gastos em propaganda nos últimos anos poderiam ter sido canalizados para resolver estas questões prementes. No entanto, a prioridade parece ser a produção de vídeos e selfies, em detrimento da ação concreta.
A construção de novos projetos, facilitada pelos recursos financeiros, contrasta com a dificuldade em assegurar a manutenção do existente: lagos, parques, passeios e outros espaços públicos clamam por atenção.