CONGRESSO “TRABALHO E MOVIMENTO OPERÁRIO” REUNIU MAIS DE 100 PARTICIPANTES

CONGRESSO “TRABALHO E MOVIMENTO OPERÁRIO” REUNIU MAIS DE 100 PARTICIPANTES

Oficinas dos caminhos de ferro“A lição mais significativa que tiramos destas intervenções é a de que é preciso intervir e combater pelos nossos direitos para, assim, construirmos a felicidade” referiu o Presidente da CMB, Carlos Humberto Carvalho no encerramento dos trabalhos do Congresso “Trabalho e Movimento Operário”, a 29 de novembro, no Auditório Municipal Augusto Cabrita, envolvendo mais de uma centena de pessoas.

Adiantou, ainda, que a iniciativa integrada na “Rota do Trabalho e da Indústria do Barreiro” promovida pela Câmara Municipal do Barreiro será repetida no futuro. “É preciso não apagar a memória, aprender com ela e projetá-la no futuro e na atualidade”.

A “Proletarização dos Trabalhadores no Portugal Contemporâneo” foi o mote para a conferência de encerramento proferida por Raquel Varela, investigadora do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa.

Na sua intervenção, mencionou a lei das rendas como uma das muitas formas de proletarizar. “Por exemplo o processo de proletarização nos centros comerciais, ligado ao estrangulamento fiscal, significa uma quebra brutal na ida aos restaurantes e a médio prazo irá significar o aumento do desemprego dos seus trabalhadores”.

Cerca de 35 pessoas participaram nas visitas realizadas no âmbito deste Congresso, no passado sábado, da manhã, à “Rota da Resistência do Barreiro” e, à tarde, às Reservas Museológicas Visitáveis da Câmara Municipal do Barreiro e ao Museu Industrial da Baía do Tejo. 

À ‘Descoberta’ de locais históricos

A “Rota da Resistência”, uma visita foi conduzida por Vanessa Almeida, técnica da Divisão de Cultura e Património Histórico e Museológico da CMB, envolve 11 locais emblemáticos que fazem parte da cultura da resistência e da memória coletiva que caraterizou o Barreiro, no período do Estado Novo, desde 1934 até ao ano de 1973. Informação adicional em: http://patrimoniobarreiro.wordpress.com/actividades-educativas/rotas-pelo-patrimonio/rota-da-resistencia-no-barreiro/

» O “Largo Sacadura Cabral e Gago Coutinho”, vulgo “Largo do Casal” – 18 de janeiro de 1934 – Dia em que deflagra uma bomba neste local, levando ao pânico entre os transeuntes e determinando uma intervenção da GNR.

» Rua da Bandeira – Semana de agitação e luta em fevereiro de 1935 – Operários da CUF e ferroviários cortam a energia a 28 de fevereiro de 1935 e nessa altura são hasteadas bandeiras vermelhas em toda a vila do Barreiro. Na chaminé das oficinas dos Caminhos-de- Ferro é hasteada uma bandeira de grandes dimensões. A PVDE (que mais tarde irá dar origem à PIDE) é chamada a intervir e prende 45 operários.

» Praça de Santa Cruz – A revolta popular em abril de 1935, após a prisão dos responsáveis pelo hastear da bandeira vermelha, no “nº 50” (cadeia), as mulheres dos presos começaram-se a concentrar junto aos Paços do Concelho (antigas instalações). Os operários saídos das fábricas aderem ao movimento e tem lugar uma manifestação com 3.000 pessoas.

» Oficinas dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste – Neste local, é recordada a prisão do operário José Francisco, sendo as oficinas cercadas por patrulhas da GNR e infantaria. Os colegas recusam-se a trabalhar em solidariedade para com o preso.

» Largo Alexandre Herculano, vulgo “Largo das Obras” – A greve de 1943 – a mais importante greve da história do Barreiro, quer pelo número de operários da CUF envolvidos (cerca de 5.000), quer pelas repercussões que dela advieram. A chamada greve de “braços caídos”, na CUF. Decorrerem confrontos entre os trabalhadores e as forças repressivas.

» Praiense – 8 de março de 1957 – é organizado um encontro no 1º andar do edifício (antiga Pensão Barreiro) para comemorar o Dia Internacional da Mulher. A GNR invade o local, levando presos muitos os ativistas.

» Parque Catarina Eufémia – 1º de maio de 1962 – Estava agendada uma concentração no Parque, mas a GNR viria a intervir cercando o recinto e perseguindo os manifestantes.  

» Luso Futebol Clube – Sessão de música e poesia em 11 de novembro de 1967 – foi organizada pelo Cine Clube do Barreiro com as presenças de Odete Santos, Rui Pato, Carlos Paredes, Fernando Alvim, Teresa Paula Brito e Zeca Afonso, conhecidos pela sua oposição ao regime. Como consequência, poucos dias depois, foram presos os membros da direção do Cine Clube.

» Rua Dr. António José de Almeida e Rua Combatentes da Grande Guerra – Comemorações do 5 de outubro de 1969 – romagem aos túmulos de antigos republicanos no cemitério do Lavradio. A multidão sai do cemitério e percorre as ruas do Barreiro até à sede de CDE – Comissão Democrática Eleitoral onde ouvem a alocução proferida por Álvaro Ribeiro Monteiro.

» Largo 3 de Maio – maio de 1970 – comemorações do 1º de maio – manifestação conjunta entre o Barreiro e Moita. Pelas ruas do Barreiro entoam-se canções de intervenção e gritam-se palavras de ordem. Cerca de 7.000 pessoas participam nesta manifestação que é dispensada por rajadas de metralhadores da GNR. 

» Teatro Cine – Barreiro – 24 de outubro de 1973 – no decorrer da campanha eleitoral para as eleições legislativas, realiza-se uma sessão na qual participaram 3000 pessoas e onde é aclamada uma Moção na qual se decide a não ida às urnas.

De salientar que a Exposição “Rota do Trabalho e da Indústria do Trabalho” está patente ao público até ao dia 8 de dezembro, no Auditório Municipal Augusto Cabrita. 

CMB 2013-12-02

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