Francisco do Ó Pacheco proferiu no passado sábado, dia 25 de janeiro, na Biblioteca Municipal do Barreiro, algumas notas sobre os seus romances históricos: “Vataça, a Favorita de D. Dinis”, o mais recente, e “Angola 1970, Chanas de Liberdade”. O autor prevê, ainda, para este ano, o lançamento do seu novo livro sobre a Reforma Agrária.
O Presidente da CMB, Carlos Humberto de Carvalho definiu o autor como um “escritor de memórias”, agradecendo a sua presença e o facto de este recordar a guerra colonial. No ano em que se comemoram os 40 anos da Revolução de Abril, Carlos Humberto de Carvalho considera que o 25 de Abril é um processo histórico que tem de ser analisado numa perspetiva de presente e futuro. “Temos de trazer as memórias e os valores de Abril para o dia-a-dia”.
No livro “Angola 1970, Chanas de Liberdade”, o autor retrata os dois lados da guerra colonial, o de uma Companhia Portuguesa e, ao mesmo tempo, os movimentos de libertação”.
Segundo Francisco do Ó Pacheco, em 1970, acontece um “conjunto de coisas extraordinárias”. A escolha da data não foi ocasional: “É o ano da morte de Oliveira Salazar, em que recrudesceu a luta antifascista em Portugal, apareceu a ação revolucionária armada do Partido Comunista Português e é quando os três dirigentes dos movimentos de libertação são recebidos no Vaticano pelo Papa” explicou o autor.
Quem foi a princesa Vataça Lascaris?
No seu romance “Vataça, a Favorita de D. Dinis”, o autor quis dar a conhecer a princesa e dama de honra de Isabel de Aragão (“Rainha Santa”, como ficou conhecida). Conta a lenda que Vataça (apelidada de “Rainha e Princesa da Grécia”) e as suas aias foram salvas “em milagre” na viagem marítima que a trouxe de regresso a Portugal. Este acontecimento conduziu à construção da primitiva capela de Nossa Senhora das Salvas, em finais do século XIII, ou princípio do século XIV.
O livro revela o serviço prestado por Vataça a Isabel de Aragão e ao rei D. Dinis, para explicar que a princesa bizantina foi agraciada com a comenda de Santiago do Cacém e a ela se deve a presença de duas relíquias religiosas em Portugal: a cruz do Santo Lenho, que se encontra na igreja matriz de Santiago do Cacém, e a cabeça-relicário do papa Fabiano, localizada na Basílica Real de Castro Verde.
De salientar que a princesa bizantina Vataça Lascaris chegou a Portugal integrada no séquito de Isabel de Aragão, em 1281, ano do casamento desta última com D. Dinis. A Vataça estava na corte de Aragão e vem acompanhar a rainha. Aia e amiga da futura Rainha foi encarregue da educação dos seus filhos.
Em 1302, acompanhou a infanta D. Constança a Castela (filha da rainha Isabel de Aragão e do rei D. Dinis), quando esta foi desposada pelo rei Fernando IV de Castela, para selar o Tratado de Alcanizes. Após a morte de Constança, Vataça regressou a Portugal.
Em 1317, estabeleceu uma pequena corte senhorial no Castelo de Santiago do Cacém, que lhe fora doado pelo rei D. Dinis. Aí terá vivido até 1325, altura em que vai para Coimbra com a rainha D. Isabel.
Faleceu em 1336 e foi sepultada na Sé Velha de Coimbra.
Nesta obra, o autor adicionou “condimentos ficcionais” ao romance histórico resultando, segundo ele, numa “narrativa maravilhosa e por vezes estranha”.
Refira-se que Francisco do Ó Pacheco nasce em Sines, dia 13 de Setembro de 1947. Exerce seis mandatos como Presidente da Câmara Municipal de Sines, entre 1976 e 1997.
É agraciado com a Medalha de Mérito Municipal pela Assembleia Municipal e Câmara Municipal de Sines “pelos serviços prestados a Sines durante quase 30 anos como cidadão e autarca”.
CMB 2014-01-27
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