Na Escola de Torpedos, o infeliz suicídio do Ten. Pinheiro Chagas,em Vale de Zebro

Na Escola de Torpedos, o infeliz suicídio do Ten. Pinheiro Chagas,em Vale de Zebro

Sabe-se agora que os revolucio­nários do Barreiro tiveram uma relevante participação nas opera­ções. As suas quatro missões eram estas: cortar as comunicações com Lisboa, vigiar a linha dos com­boios, apoderar-se dos vapores da carreira e tomar a Escola de Torpedos da Armada, em “Vale de Zebro. Com a conivência do chefe da Estacão dos Caminhos de Fer­ro de Sul e Sueste, o Sr. António Montes, natural de Silves, as três primeiras tarefas foram cumpridas logo na madrugada do dia 4.

Postados em vigilância na Praia Norte, os revolucionários barreirenses acompanharam à distância os primeiros tiros de revolta na capital, que eram disparados de bordo dos cruzadores ‘S. Rafael’ e ‘Adamastor, e logo compre­enderam que a causa estava ga­nha. Abraçaram-se os conjurados, chorando alguns deles de alegria. Animados, ainda na manhã de 4 de Outubro tomaram conta do edifício dos Paços do Concelho, hasteando a bandeira republicana no mastro municipal.

A Junta Revolucionária que então se constituiu tratou ime­diatamente de rumar à Escola de Torpedos de Vale de Zebro, em cujo arsenal havia 2.000 armas e 100.000 cartuchos, que muita falta podiam vir a fazer. A Escola permaneceu algum tempo nas mãos da oficialidade monárquica, tendo mesmo sido detido o 1º Tenente Sr. João Fiel Stockier, que propositadamente fora do Algarve para o Barreiro com a missão de sublevar o quartel. Mas em breve todos aderiam à República. O grande Júbilo por esta vitória foi toldado pelo conhecimento do suicídio do jovem 2º Tenente Frederico Pinheiro Chagas, de 28 anos, filho mais novo do insigne escritor Manuel Pinheiro Chagas. Ao convencer-se de que os ou­tros oficiais não se dispunham a respeitar o seu juramento de fi­delidade ao Rei, Pinheiro Chagas, num acto tresloucado, disparou um tiro no próprio peito, expirando pouco depois. Foi muito lastimada a perda da vida do Tenente Cha­gas, cujos predicados militares lhe teriam por certo assegurado uma brilhante carreira na República.

 texto: publicado no jornal “Republica” da CM deVRSºANTONIO

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