Defendeu Daniel Campelo, Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural
A Câmara Municipal do Barreiro (CMB) promoveu, durante os dias 20 e 21 de Outubro, a Conferência ÁREAS PROTEGIDAS LOCAIS. Neste contexto, o primeiro dia dos trabalhos decorreu no Auditório da Escola Superior de Tecnologia do Barreiro e reuniu um apreciável número de comunicadores e convidados em torno da intenção municipal de classificação da Mata Nacional da Machada e do Sapal do Rio Coina como Área Protegida de Interesse Local.
Na abertura dos trabalhos, Nuno Banza, Vereador com responsabilidades na área do Ambiente da CMB salientou a importância da participação pública no processo de classificação destas áreas, afirmando ter escolhido “a estratégia do diálogo, das parcerias, do envolvimento e da partilha de decisões e da responsabilidade”. Assim, disse o Vereador, “cada contributo, do mais simples ao mais complexo, do mais humilde ao mais oneroso, torna-se, no difícil contexto em que vivemos, imprescindível”.
Mata Nacional da Machada e Sapal do Rio Coina
De propriedade, maioritariamente, pública tratam-se de espaços sobre os quais incidem várias jurisdições. Neles se verifica um conjunto de espécies, animais e vegetais, que constituem, em alguns locais, habitats de importante valor natural. Para o melhor conhecimento destes valores, a Autarquia tem vindo a trabalhar com diversos parceiros, nomeadamente no levantamento da Fauna, Flora e Habitats, na caracterização da Avifauna e tendo ainda em curso o levantamento das espécies de morcegos aí existentes.
Ainda segundo Nuno Banza, a forma como este território “pode ajudar a consolidar uma estratégia mais vasta que se estenda ao nível do Concelho e que ao mesmo tempo ajude a projectá-lo fora de portas, deve assentar num profundo conhecimento das suas potencialidades e dos seus valores, ao mesmo tempo que deve identificar as suas fragilidades e necessidades prementes”.
A recolha de contributos para o processo de classificação da Mata da Machada e do Sapal do Rio Coina como ‘Área Protegida Local’ teve continuidade lógica nos painéis em debate. Assim, em cima da mesa estiveram as temáticas: Processo de Classificação; Valores Naturais e Participação da Comunidade que ajudaram à análise e à reflexão da problemática.
Na sessão de encerramento, Daniel Campelo, Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, disse ser para ele “um gosto” estar no Barreiro a participar numa conferência que reputou da máxima importância, não só para o Concelho, mas para o País, para a conservação da natureza e para o ambiente em geral.
Lembrando os seus tempos de Autarca, em Ponte de Lima, partilhou com os presentes as dificuldades que sentiu quando quis, primeiro implementar um parque biológico, e mais tarde uma área de paisagem protegida. “Eu levei quase dez anos a conseguir convencer o Governo a fazer a publicação de uma Portaria que criava essa tal área protegida que hoje recebe 100 mil visitas por ano”. Certo de que hoje é mais fácil (por proposta de Câmara qualquer Assembleia Municipal pode criar uma área protegida de interesse local), Daniel Campelo defendeu que “cada concelho deveria ter uma área protegida, e se não pode ter uma área protegida nacional, que tenha uma área protegida de interesse local”.
Na sua opinião, o grande desafio do futuro consiste em “colocar as pessoas dentro do mesmo espaço a partilhar responsabilidades e a construir o melhor caminho para o desenvolvimento rural, para a indústria e para a conservação da natureza. Eu só acredito na conservação da natureza por via da educação e da sensibilização e por via da intervenção activa junto das pessoas, a partir do escalão mais jovem. Só assim aumentaremos o número de adeptos das melhores práticas agrícolas, florestais e sociais”.
Rematou, felicitando o Barreiro pela organização desta Conferência e afirmou desejar que o exemplo desta ideia e deste projecto pudesse reproduzir-se noutros municípios “para bem do País e para bem da conservação da natureza”.
Carlos Humberto de Carvalho, Presidente da Câmara Municipal do Barreiro, referiu a importância da Mata e do Sapal para o Concelho do Barreiro, aos níveis ambiental e educacional e foi peremptório em afirmar que as dificuldades do presente “não podem pôr em causa a nossa capacidade de projectar, pensar e planificar o futuro, e até a nossa capacidade de sonhar”.
Salientando que, nestas matérias a visão deve ser de “conjunto”, o Presidente revelou, ao Secretário de Estado, a forma como se trabalha no Concelho do Barreiro. “Aqui temos uma linha de orientação que começa a ser partilhada por todos (eleitos e serviços municipais) e que é a ideia de que temos de trabalhar sempre em conjunto, temos que juntar vontades e trabalhar em parceria, temos sempre que juntar as potencialidades de cada um, transformando-as em potencialidade maiores. E esta metodologia, de potencializar aquilo que cada um tem para dar, tem dado resultados”, disse.
Em relação ao processo de classificação da Mata Nacional da Machada e do Sapal do Coina, Carlos Humberto de Carvalho também referiu ser sua intenção “dar novos passos”. Contudo, e porque não podemos dar passos maiores que as nossas pernas, defendeu que devemos sustentar as nossas decisões. “É muito importante a classificação da Mata e do Sapal mas também precisamos de saber aquilo que queremos a seguir. E precisamos de ajuda para dar estes passos. Vivemos um momento muito difícil. Para darmos resposta aos problemas do presente e para construirmos o nosso futuro, considero que é muito importante o facto de continuarmos a trabalhar em conjunto e tenho uma posição de princípio: O Governo e a Câmara são de cores políticas diferentes, mas são dois órgãos institucionais que têm de continuar a cooperar para resolver os problemas ao nível nacional e concelhio”. Na opinião do Presidente da Câmara, trata-se de, cada uma dentro da sua esfera de acção, assumir uma cooperação institucional, independentemente das cores políticas do Governo e da Autarquia.
Desta forma, terminou a sua intervenção reiterando que “estamos disponíveis para trabalhar com quem for preciso para resolvermos os problemas. Também eu acredito que, para ajudarmos a salvar o País, o que precisamos é de voltar a dar força às nossas pescas, à nossa indústria, à nossa agricultura e às nossas florestas”.
CMB 2011-10-24
You must be logged in to post a comment Login