Hoje, Dia Mundial da Biodiversidade, é com muito prazer que damos conta de algumas novidades no decorrer do projecto Sons do Arco Ribeirinho Sul, associado ao OUT.FEST – Festival Internacional de Música Exploratória do Barreiro: no site www.sonsdoarcoribeirinhosul.com é já possível escutar alguns excertos das últimas recolhas sonoras efectuadas pelo fonografista Luís Antero na Mata da Machada, num breve vislumbre do trabalho de formação do arquivo sonoro que apresentaremos no final do projecto, em Outubro de 2013. É também com enorme prazer que anunciamos o apoio institucional da SPECO – Sociedade Portuguesa de Ecologia, a este projecto pioneiro de recolha e preservação ambiental por via da cultura.

A próxima sexta-feira, dia 25, assinalará o regresso ao Barreiro de um dos maiores talentos da música nacional da actualidade, o guitarrista lisboeta (e cada vez mais, do mundo) Norberto Lobo. Os bilhetes podem ser adquiridos no Bar d’Os Penicheiros, até às 19h do próprio dia, e a partir das 22h no próprio local. Também aceitamos reservas para o mail info@outra.pt

A primeira parte estará a cargo do duo Tiago Sousa / Cláudio Fernandes, havendo ainda espaço para um solo de bateria do prodigioso Gabriel Ferrandini. Motivos de sobra para uma noite absolutamente imperdível, que celebra todo o enorme talento que grassa pelo país e eleva bem alto e além fronteiras a música portuguesa.

A entrada custa apenas 5€, com desconto de 50% sobre este valor para todos os sócios da OUT.RA. Há também descontos para os sócios da Arteviva – Companhia de Teatro do Barreiro, e alunos da Unidade Shakti Barreiro, nossos parceiros.

Por último, referência para a próxima vinda ao Barreiro dos barcelenses Black Bombaim, uma das mais faladas bandas nacionais da actualidade, nos trilhos do seu recente álbum “Titans”, uma obra colossal destinada a figurar nos compêndios do rock em Portugal. Será no próximo dia 15 de Junho, pelas 22h, com local ainda por designar. Novidades muito em breve.

NORBERTO LOBO
GABRIEL FERRANDINI
TIAGO SOUSA & CLÁUDIO FERNANDES

Muito se diz (cada vez mais!) que vivemos um período de riqueza musical em Portugal que não tem paralelo com nenhum momento do nosso passado. De facto, é cada vez mais comum assistir e aderir sem qualquer tipo de complexos ao que de muito bom (e, por vezes, nem tanto assim) se vai fazendo por tantos e tantos criadores nacionais. Se há dúvidas (legítimas), os três concertos que apresentamos esta noite encarregar-se-ão, sem ponta de incerteza, de convencer até os mais cépticos.

Norberto Lobo

Norberto Lobo é, simultaneamente, um auto-didacta e um virtuoso. Se qualquer destes termos pode sugerir um handicap, não nos enganemos: estas são, aqui, qualidades inequívocas, que permitem, por um lado, o deslumbramento total do ouvinte perante a torrente de som que milagrosamente parece brotar dos seus dedos, e, por outro, a maravilha de uma técnica que está ao serviço de uma linguagem própria, sem qualquer tipo de pré-formatação estilística ou de emparedamento em estilos e géneros estanques. A guitarra de Norberto Lobo cria música que está para além de tempo, de lugar, de cultura. O privilégio é nosso por partilharmos com ele este rectângulo à beira-mar.

Gabriel Ferrandini

Para além das suas notáveis e inquestionáveis qualidades técnicas, Gabriel Ferrandini possui algo de muito raro, simultaneamente intangível e magnético: a empatia que transmite, fruto de uma forma de tocar verdadeiramente apaixonante e apaixonada, de intensidade e entrega invulgares.

É já, aos 25 anos, o mais requisitado baterista no jazz nacional – integra os Red Trio, hoje por hoje o mais importante grupo jazz português além-fronteiras, faz parte do trio e quarteto de outro dos grandes líderes nacionais, Rodrigo Amado, e conta no seu já extensíssimo currículo colaborações com ícones mundiais do jazz como John Butcher, Nobuyasu Furuya, Jeb Bishop ou Rob Mazurek, que lhe valeram já prémios da mais alta autoridade media do jazz, a All About Jazz. Já tocou em festivais de primeira importância por toda a Europa (Holanda, Polónia, Áustria, Espanha, etc).

Apresenta-se esta noite a solo, um contexto pouquíssimo habitual para percussionistas, e só ao alcance de quem vive o instrumento assim: como uma extensão do corpo e do sentir.

Tiago Sousa & Cláudio Fernandes

Reconhecido primeiramente pelo trabalho de editor desenvolvido com a netlabel Merzbau — que lançou nomes da dimensão incontornável de um B Fachada ou um Noiserv — o barreirense Tiago Sousa tem vindo a revelar-se, desde a sua estreia a solo, já há 6 anos atrás, como um dos mais fascinantes músicos nacionais. Com o lançamento, em 2011, do seu quarto disco em nome próprio, Walden Pond’s Monk, embebido do espírito contestatário do escritor Henry David Thoreau, editado pela norte-americana Immune Recordings e distribuído mundialmente pela Thrill Jockey, Tiago Sousa demarcou-se definitivamente como um músico de excepção, assumindo cada vez mais uma filiação neo-clássica, numa aproximação aos compositores do início de século – a meio caminho entre Satie e Debussy, com uma personalidade muito própria. Sucederam-se os elogios, os artigos, as entrevistas, a presença nas rádios e televisões; mas é, sobretudo, por parte do público que Tiago Sousa é elevado a um patamar de verdadeiro reconhecimento e comunhão, com salas emocionadas a testemunhar concertos de uma beleza e sensibilidade verdadeiramente únicas. O ano de 2011 marca também uma aproximação às colaborações com outros músicos, nomeadamente no trio Pão, com Pedro Sousa e Travassos.

Cláudio Fernandes é um guitarrista barreirense, senhor de uma linguagem única, e de um dom mágico de conseguir evidenciar todo um virtuosismo técnico irrepreensível sem entrar pela masturbação estéril do típico guitar hero. Depois da militância em vários projectos de mérito, com destaque natural para os October / Debut!, formou recentemente o duo Cangarra, com o baterista dos Lobster, Ricardo Martins, a trazer o psicadelismo free numa viagem directa entre 1970 e 2012.

Esta será apenas o segundo concerto em colaboração entre Tiago Sousa e Cláudio Fernandes, depois da estreia, em Março passado, no ciclo Sabaduo.

 OUT.RA