Perspectivas e Contributos para a Inclusão Social

Perspectivas e Contributos para a Inclusão Social

O Auditório Municipal Augusto Cabrita (AMAC), no Barreiro, recebeu, ontem, dia 26 de Janeiro, a Jornada Social “Perspectivas e Contributos para a Inclusão Social”, promovida pelo Conselho Local de Acção Social (CLASB). Na sessão de abertura, o Presidente da Câmara Municipal do Barreiro (CMB), Carlos Humberto de Carvalho, realçou que a Jornada visa valorizar o trabalho em rede, a intervenção de cada entidade e o trabalho conjunto.

O Autarca começou por analisar o desenvolvimento do Concelho nos últimos 30 ou 40 anos, salientando o decréscimo do número de habitantes, o aumento do desemprego, a desindustrialização, a procura de trabalho noutros concelhos, o envelhecimento da população, entre outros problemas. Salientou, igualmente, que o Barreiro, actualmente, apesar de ser uma centralidade geográfica no Arco Ribeirinho Sul, “somos uma periferia em termos de acessos”.

Tudo isto deu origem a mais problemas de carácter social e a um decréscimo da combatividade e da confiança.

Mas Carlos Humberto de Carvalho abordou também aspectos positivos do Concelho. O Presidente da CMB considera que continua a haver um movimento associativo dinâmico e uma juventude interventiva, além de um serviço de Transportes Colectivos que abrangem todo o Concelho com um horário alargado.

“Para fazermos a base de partida, é preciso termos um correcto diagnóstico social”, referiu o Autarca, salientando que é necessário “saber os porquês e depois actuar para alterar”.

Carlos Humberto de Carvalho salientou que “não podemos cruzar os braços”, “é preciso agir”, não sendo possível “desligar as questões de carácter social de tudo o resto que nos rodeia e encontrar respostas plenas sem combater as causas”.

Tal como tem referido em vários plenários do CLASB, o Presidente da CMB realçou que “é preciso cada um de nós trabalhar per si, mas nunca perdendo a visão do conjunto. Trabalhando em rede e de forma articulada, as soluções são melhores”.

Também na sessão de abertura, Regina Janeiro, Vereadora responsável pela área de Intervenção Social, realçou que esta é a primeira jornada da Rede Social, tentando-se criar, desta forma, uma nova organização e espaço de debate e trabalho.

A Autarca salientou os objectivos da jornada, nomeadamente:

– Promover a reflexão, a compreensão e o debate das temáticas presentes no contexto da realidade social actual;

– Reflectir com os diversos actores sociais (decisores, profissionais e indivíduos) sobre a rede de respostas e sobre os projectos de intervenção dirigidos à população – alvo;

– Incrementar processos de participação, envolvimento e articulação, mobilizadores de uma cultura que foque a sua intervenção nas potencialidades das parcerias;

– Dinamizar práticas sociais activas e propor estratégias que reforcem intervenções no futuro;

– Contribuir para a divulgação e a produção de conhecimentos junto dos profissionais e dos agentes das diversas áreas da intervenção social (saúde, educação, solidariedade) e da comunidade em geral.

Após a sessão de abertura os participantes dividiram-se em três grupos para discutirem diferentes temas.

 Conclusões dos três temas

“Projectos de apoio à família e à criança no actual contexto socioeconómico” foi o tema de um dos grupos de trabalho, que teve como facilitador do debate Armando Gomes, técnico da Divisão de Acção Social da CMB, relatora Ana Cristina Silva, chefe da Divisão de Educação da CMB, e participantes Ana Gomes, responsável do Centro Distrital de Segurança Social de Setúbal (CDSS) pelo Programa Comunitário de Apoio Alimentar a Carenciados, Eugénio Fonseca, Presidente da Caritas Portuguesa, e Elidia Marques, representante da Equipa de Apoio às Escolas da Península de Setúbal Norte.

No âmbito deste painel, Ana Cristina Silva apresentou a todos os participantes as questões que foram realçadas pelo grupo, nomeadamente:

– Importância do trabalho de proximidade para uma verdadeira noção da realidade;

– Conjugação de esforços e articulação das respostas no âmbito das parcerias existentes e da intervenção social e educativa;

– Necessidade de existir maior articulação para uma melhor complementaridade relativamente aos bancos de recursos, e uma efectiva abertura destas respostas ao apoio à comunidade, com uma melhor divulgação;

– As respostas no âmbito do apoio à família devem ter maior funcionalidade e flexibilidade.

“Crianças e Jovens em Risco e Parentalidade Positiva” foi o tema de outro grupo de trabalho que teve como facilitadora Rita Carvalho, Presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens do Barreiro. Contou com a participação de Joaquina Antunes, Directora do Núcleo de Infância e Juventude do CDSS de Setúbal. A relatora Guida Mendes, do Centro de Apoio Familiar e Acompanhamento Parental da Associação NÓS, salientou que o caminho passa por três áreas fundamentais, nomeadamente prevenção, integração e rentabilização (dos recursos existentes, dos que não são resposta especifica na área da infância e mesmo rentabilização das próprias famílias para que desenvolvam uma parentalidade mais positiva).

Referiu como desafios fundamentais a criação de um grupo de trabalho nesta área e a divulgação dos mecanismos de protecção à criança.

O terceiro grupo de trabalho debateu o tema “Deficiência e Saúde Mental: Desafios e Perspectivas”. Este grupo, que teve como facilitador Humberto Candeias, da Associação NÓS, como relator Augusto Sousa, da Rumo, e contou com a participação de Álvaro Andrade de Carvalho, coordenador da Equipa de Projecto de Cuidados Integrados em Saúde Mental, e António Paiva, Director do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar Barreiro Montijo.

Augusto Sousa explicou que o grupo fez um levantamento ao nível dos recursos verificando insuficiências, tendo inclusive a perspectiva que a doença mental e a incapacidade se tornem cada vez mais relevantes na sociedade.

Referiu também que se verifica a necessidade de revitalizar o Departamento de Psiquiatria do Hospital.

Ao nível da deficiência, salientou que há um trabalho grande a fazer em termos de acessibilidades físicas e de comunicação. Foi abordada a necessidade de haver respostas que se articulem com a comunidade para que haja apoios naturais e informais.

Recorde-se que iniciativa foi dirigida às entidades parceiras do CLASB e outras entidades locais, dirigentes e profissionais das Instituições Particulares de Solidariedade Social e das Associações, serviços da Administração Central com sede ou intervenção no Concelho do Barreiro, escolas, Juntas de Freguesia e comunidade em geral. Contou com a participação de cerca de 170 pessoas.

 CMB 2011-01-27

 

You must be logged in to post a comment Login