Exposição Retrospetiva da Obra de Américo Marinho

Exposição Retrospetiva da Obra de Américo Marinho

Americo Marinho_11 (2)Patente ao público até 29 de setembro

No âmbito do centenário do nascimento do artista, a exposição retrospetiva da obra de Américo Marinho foi inaugurada, ontem, dia 16 de junho, no Auditório Municipal Augusto Cabrita, na presença de seus filhos, familiares e amigos, do Presidente da Câmara Municipal do Barreiro, Carlos Humberto de Carvalho e da Vereadora Regina Janeiro responsável pela área da cultura.

Até ao dia 29 de setembro, o público pode apreciar dezenas de obras entre desenhos e pinturas (a óleo e aguarela) segmentadas pelas áreas: Retratos, Música, Família, Camões e a Tágides.

De forma comovida a filha de Américo Marinho, Ana Maria Witzig, contou em breves palavras a história de “um menino nascido no Barreiro, citando o pintor a ‘deambular pela praia contemplando o crepúsculo e a silhueta dos barcos em contra luz’, captando luminosidades que anos mais tarde passaria à tela.

Um menino que em 1920,tinha então apenas sete anos quando descobriu ao fazer o seu primeiro desenho, a magia do lápis que lhe permitia em poucos traços humanizar uma simples folha de papel. Deve ter sido a partir desse momento que o lápis, o papel e o menino se tornaram companheiros inseparáveis até ao fim da vida”.

Recordou que este “filho do Barreiro” em 1945, teve de sair da sua Terra para passar a viver no Funchal e durante anos tentou sem êxito regressar. Segundo Ana Witzig, a melhor prova de amor à Terra, foi a doação de 139 desenhos ao Barreiro em 1990, “realizando um desejo de sua mãe Albertina Marinho e desse modo voltava ao Barreiro entregando-lhe uma parte da sua obra”. Estas obras, refira-se, destinar-se-iam a um futuro Museu do Barreiro proposto pela primeira vez, em 1945, por ele e pelo professor João dos Santos Prates. Passados 68 anos, e mesmo sem museu, para Ana Witzig “temos aqui uma parte importante da obra de Américo Marinho”.

“São os meus filhos espirituais”

Confidenciou aos presentes as vezes que observava os trabalhos do pai. “Os desenhos faziam-me viver e reviver sob o fascínio dos traços de uma época os rostos de gente anónima que se cruzavam com ele no trajeto fluvial, na rua, nos cafés”. Recordou as palavras de Américo Marinho: “posso dizer que fixei todos os estratos sociais, desde os mais humildes. Quantas vezes por detrás de um rosto eu vislumbrei uma história, ou um drama. Com a ponta de um lápis em breves registos, em vulgares folhas de papel. Eles aí estão, são pedaços de alma, esboços rápidos feitos ao sabor do acaso e da inspiração. Neles repassa toda uma época. O Barreiro e as suas gentes. São os meus filhos espirituais. Tenham cuidado com eles”.

Por seu turno, Carlos Humberto de Carvalho agradeceu à família de Américo Marinho a “preciosa colaboração” na realização da exposição.

O autarca citou as palavras de Américo Marinho “tenham cuidado com eles” para, comparativamente, transmitir a preocupação da Autarquia “com a nossa gente, a gente do Barreiro. As pessoas são um todo. Precisam de bens para viver e precisam de ser educadas e sensibilizadas para a cultura”.

“Todos éramos marcados pela fábrica”

Carlos Humberto de Carvalho recordou as memórias de 62 anos e das coisas que mais o marcaram foram pessoas com quem teve relacionamento, nomeadamente “operários que eram verdadeiros intelectuais e intelectuais autênticos operários, pois todos éramos marcados pela fábrica”. Apesar das dificuldades económicas da altura (muito piores do que as atuais) “existiam setores vanguardistas do Concelho do Barreiro, muito sensíveis à cultura e assim chegámos ao Barreiro de hoje, porque existiram uma dúzia de intelectuais que marcaram o Barreiro. Américo Marinho foi uma dessas referências”.

Através dos seus trabalhos e “por detrás do seu traço, temos a oportunidade de ver as gentes e a vida de um determinado momento histórico do Concelho do Barreiro”. Certo de que “não temos de estar voltados para o passado, pois é um erro histórico, contudo não podemos construir o futuro sem termos em conta o passado. Há momentos na vida que tenho imensa nostalgia do passado, mas ainda tenho mais saudades do que será o futuro do Concelho do Barreiro”.

CMB 2013-06-17

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