Presidente da CMB recordou o Estado Novo e a Revolução dos Cravos com alunos do 12º ano
Uma turma de alunos do 12º ano da Escola Secundária de Santo André ouviu, hoje, dia 29 de abril, o Presidente da Câmara Municipal do Barreiro, Carlos Humberto de Carvalho, recordar momentos vividos, pelo próprio, na época do fascismo em Portugal e no dia 25 de Abril de 1974.
Recorde-se que, no âmbito da iniciativa da CMB “Contar Histórias (Vividas) no 25 de Abril, vários convidados têm ido às escolas do 1º, 2º, 3º ciclos e secundário partilhar com os alunos as recordações que têm dessa época importante da história de Portugal. Esta iniciativa, que se prolonga até 9 de maio, conta com a participação de nomes como Eduardo Guerreirinho, Armindo Fernandes, Ercília Talhadas, José Encarnação, Luciano Barata, Armando Teixeira e Amália Valegas, entre outros.
“Filme a preto e branco”
Carlos Humberto de Carvalho tinha 23 anos quando aconteceu o 25 de Abril de 1974. Antes “vivíamos um filme a preto e branco”, referiu o Presidente da CMB, recordando pormenores como o facto de, na escola, não haver turmas mistas, ser necessária licença para o uso de isqueiro, ser proibida a Coca-Cola em Portugal. “Era uma sociedade muito fechada, com pouco acesso à informação, com censura”, referiu Carlos Humberto de Carvalho. Da sua juventude e no âmbito da atividade cultural em que participava, recordou episódios de organização de iniciativas culturais, nomeadamente no âmbito da Comissão Democrática Eleitoral, em que a PIDE e a GNR estavam sempre presentes, a oprimir.
Carlos Humberto de Carvalho salientou que, para os jovens dessa época, havia uma angústia muito grande: “sabíamos que, mais tarde ou mais cedo, teríamos de ir para a tropa, o que significava que também iríamos para a guerra”. A revolta estudantil francesa em Maio de 68, a tomada de consciência da situação social em Portugal e da guerra em África, entre outros aspetos, levou a que Carlos Humberto de Carvalho, à semelhança de muitos outros jovens, começasse a intervir com vista a uma mudança de regime. Em 1971 aderiu ao Partido Comunista Português e, também nessa altura, viu-se confrontado com a inevitabilidade de ir para a tropa. “Ir a salto” (fugir para França) ou “arriscar-se a morrer na guerra” era o dilema. “Estava disposto a dar a vida para defender a minha pátria, mas aquilo não era defender a pátria, era oprimir outros povos”. Apesar de ter consciência da injustiça que representava a guerra ‘do Ultramar’, pensou que “se isto tem de mudar e se nos vamos embora, quem é que dá a volta a isto. Temos de ir para a tropa e por dentro tentar mudar”.
Assim, em março de 73 foi para Moçambique. Sendo contra a guerra e aquela sociedade estratificada, viveu “dos momentos mais difíceis da minha vida”.
Quando aconteceu a Revolução dos Cravos estava ainda em Moçambique, já com a sua mulher, com quem entretanto, tinha casado por procuração.
CMB 2014-04-29
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