O dia internacional da mulher, nascido com a luta das operárias têxteis americanas travada em 1857 nos Estados Unidos, lembra os direitos, nem sempre respeitados, da mulher.
Determinar um dia, para homenagear o direito e a justiça, sugere que nos restantes dias se não pratiquem. Tenho a sensação de que, pelo facto de se calendarizar um dia do ano, se ignore nos que se segues os direitos que naquele se evocaram. O direito estabelecido deve ser respeitado por lei e a mulher defendida e valorizada durante todos os dias do ano.
Na rotina dos dias internacionais lembram-se direitos que se esquecem depois, é como o dia de anos, no dia seguinte tudo volta ao mesmo. E um pouco como os caridosos que num dia promovem o beneplácito almoço para os pobres e nesse dia tratam de matar a fome a umas dezenas de famintos, arfam de comiseração e aliviados na sua santidade pessoal, nos demais dias, promovem a fome, o desemprego e outras precariedades sociais que afectam em especial as mulheres.
De qualquer maneira é bom recordar neste dia 8 de Março os direitos da mulher, e a hipocrisia associada ao machismo denunciada, para que a mulher, digna parceira do homem, goze da real igualdade em todos os direitos humanos.
A luta durante séculos da mulher na sua função de dona de casa, de mãe e em obediência à tradição, esperando o homem, noutro tempo, o sustentáculo económico da família, procriador e o chefe todo-poderoso no lar, foi alterado com a mulher na fábrica e nos mil empregos fora de casa.
Com a revolução industrial passaram a exercer uma actividade laboral longe do lar, contribuindo para a economia familiar.
Um século e meio depois, a posição injusta da pessoa feminina, duplamente martirizada, ainda precisa de ser lembrada. A humanidade no seu todo sofre da sofreguidão capitalista que empobrece, homens e mulheres, e são elas de novo secundadas, nos salários e noutros direitos, relativamente aos homens do seu meio social. O protesto feminino é tão longínquo quanto a existência da humanidade. Muito foi conseguido, mas tanto ainda falta realizar. Seria importante, para maior conteúdo civilizacional, concretizar os direitos humanos vilipendiados na sua estrutura humana, derrubar barreiras que ainda se atravessam no caminho da humanidade e libertar o sexo feminino da clausura machista.
Dêem-lhes trabalho igual e salário igual, lugares de chefia nas mesmas condições que aos homens. Deixem que usufruam das condições materiais, sociais, políticas e humanas destinadas aos homens.
Analistas económicos, mediáticos palradores, com preocupações exclusivas no lucro, estão-se nas tintas para os direitos dos homens, menos ainda das mulheres. Incham de direitos humanos, comemoram o Dia Internacional da Mulher, têm arrebatamentos humanos na TV com ar de salvadores, no dia seguinte, promovem o lucro, esquecendo os direitos das mães para criarem os filhos.
Diz-se que este dia serve para lembrar o papel da mulher e a dignidade das mães, esposas e trabalhadoras, que se tome consciência do valor da pessoa do sexo oposto. Algo fora já conseguido. É justo referir, que desde 1910 quando Clara Zekin propôs este dia 8 de Março para homenagear as mulheres, internacionalizando este marco histórico da humanidade numa conferência internacional de mulheres, instituindo assim – O DIA INTERNACIONAL DA MULHER – que existem mulheres que chegam ao topo das hierarquias políticas, económicas e sociais, e por isso as sociedades mais conscientes do valor feminino, se bem que muito esteja por humanizar.
Para que seja mais séria a comemoração, que se torne real a acção directa das mulheres, deitem-se abaixo as barreiras que impedem a sua participação. Abram as portas e deixem-nas entrar livremente e sem preconceitos. Nossas mães, irmãs, filhas e netas, não precisam de paleio paternalista, merecem mais do que num dia por ano se lembrem os direitos que se esqueceram em todos os outros. A minha saudação às mulheres:
Vivam as nossas avós, as nossas mães, as nossas esposas, as nossas filhas e as nossas netas, que gozem de todos os direitos em todos os dias de todos os anos.
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