Em As neves do Kilimanjaro, Ernest Hemingway imaginou o que teria sido a sua vida caso tivesse cedido à tentação de uma vida ociosa. Harry Morgan, um alter-ego do autor, está à beira da morte em África, na companhia da sua esposa, Helen. No tempo que lhe resta, recorda episódios da sua vida e reflecte sobre como desperdiçou o seu talento: “fui eu próprio a dar cabo do meu talento, por não o usar. Por me ter traído a mim mesmo e àquilo em que acreditava”. Em Kilimanjaro, o conto de Hemingway serve de centro de gravidade a uma dramaturgia que imagina o percurso de Harry através de um conjunto de outros contos e cartas do escritor norte-americano – da adolescência à idade adulta, entre histórias de camaradagem, romances falhados e guerras. África, Estados Unidos, Itália, Espanha e Suíça são os países percorridos na peça, numa busca existencialista por um sentido que teima em escapar. Uma procura que lembra a do leopardo cuja carcaça foi encontrada, seca e gelada, no topo da mais alta montanha de África – aquele que Hemingway utilizou como epígrafe no conto que dá nome a este espectáculo. Até hoje, continua por explicar o que o animal procurava a tal altitude.
Ernest Hemingway (1899-1961), escritor norte-americano, recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1954. A sua obra foi influenciada pelos grandes acontecimentos da primeira metade do século passado, nomeadamente pela experiência de duas Guerras Mundiais e da Guerra Civil Espanhola. As várias polémicas em que se envolveu, fruto de uma tendência natural para a dissensão, tornaram-no muitas vezes numa personagem de si próprio. O enorme número de escritores que procuraram imitá-lo contrasta grandemente com a escassez daqueles que chegaram a aproximar-se da sua grandeza. Papa Hem, como era apelidado pelos que o amavam, é indubitavelmente um dos mais polémicos e originais escritores do século XX.
Intérpretes Ana Cris, Duarte Guimarães, Elias Nazaré, João Farraia, João Tempera, Luís Vicente, Pedro Lima, Pedro Walter, Rita Loureiro e a participação especial de José Evaristo
Voz off Jorge Rebanda
Dramaturgia e encenação Rodrigo Francisco
Assistência de encenação Paulo Mendes
Cenário e figurinos Ana Paula Rocha
Luz Guilherme Frazão
Som Miguel Laureano
Selecção musical Levi Martins
Produção de guarda-roupa Elitsa Ivanova
Direcção de produção Carlos Galvão
Direcção de montagem Guilherme Frazão
Operação de luz e som Miguel Laureano
Montagem Daniel Verdades, Fábio Torella, Ivan Teixeira, João Martins, Paulo Horta
Direcção de cena João Farraia
Grafismo João Gaspar
Edições Ângela Pardelha
Comunicação Levi Martins
Fotografia Rui Carlos Mateus
Co-produção Teatro Nacional D. Maria II
Agradecimentos Luzeiro – Gabinete Técnico de Iluminação para Espectáculos e Clube Náutico de Almada
23 JANEIRO a 8 FEVEREIRO, 2015 | SALA PRINCIPAL // QUA a SÁB às 21h30 | DOM às 16h00
Duração: 2h00 (aprox .) M/14
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