A Bandeira Vermelha, foi há 75 Anos

A Bandeira Vermelha, foi há 75 Anos

No dia de 27 de Fevereiro, para o dia 28 de Fevereiro de 1935, no cima da chaminé de tiragem e renovação de ar das secções da ferraria e fundição de metais das oficinas dos caminhos de ferro no Barreiro, ao tempo erigidas junto ao palácio de Coimbra (hoje demolidas), foi colocada, uma enorme Bandeira Vermelha com a foice e o martelo, em sinal de protesto, na continuação da luta iniciada logo após a publicação do Estatuto Nacional de Trabalho, em fins de 1933, que para alem da restringir de forma directa os direitos dos trabalhadores, ilegaliza os sindicatos livres, criando, na esteira da opção corporativista, aqueles que passaram a ser designados de sindicatos Nacionais

Logo a 18 de Janeiro de 1934, uma Greve geral está marcada, porém, por razões de organização, até hoje mal esclarecidas, o insucesso foi praticamente total.

As grandes vitimas foram os trabalhadores da Marinha Grande e os da grande área industrial de Lisboa e vale do Tejo e Setúbal.

Durante todo o ano de 1934 a repressão não teve limites, as prisões sucediam-se dia e noite.

Muitos dos detidos foram embarcados em navios exclusivamente adstritos ao transporte de gado, dos Açores para o continente, e levados para a fortaleza de Angra do Heroísmo, onde na maré alta, parte do espaço ocupado pelos detidos era inundado.

Muitos deles vieram a ser desterrados para Cabo Verde, mais concretamente para a ilha do Sal, onde foram obrigados a participar na construção da sua própria colónia penal, no Tarrafal, inaugurada em 1936.

Foram participantes activos no evento da “Bandeira Vermelha”: Acácio José da Costa, José João Rodrigues, Joaquim Martins (vulgo) Joaquim da Aldeia e Reinaldo de Castro.

A execução da Bandeira Vermelha esteve a cargo de Ana de Sousa, que ao tempo era namorada do Américo Barbeiro, com quem casou.

Colaboraram ainda com a Ana, a Lucinda e a Maria todas filhas de um Ferroviário, fogueiro da via fluvial do Tejo.

Felizmente, não foram alvo da sanha dos esbirros e informadores. Outro tanto não aconteceu aos quatro participantes activos, atrás identificados.

Do casal Ana e Américo nasceu uma única filha casada com o João Seixas, filho do saudoso Professor Seixas, Algarvio de nascimento grande Barreirense por opção, criador fundador do primeiro colégio, com escolaridade para alem da quarta classe da primaria, numa época em que isso só existia nas dezoito capitais de distrito, com o 25 de Abril de 1974, a rede escolar foi alargada, bem como o tempo de escolaridade, que é obrigatória ao nono Ano.

Parte do artigo do Ferroviário

Joaquim Jesus

Publicado no barreiroweb 26 de Fevereiro de 2007

arquivo: http://barreiroweb.com/modules.php?name=News&file=article&sid=1996

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