LIÇÕES DE MESTRE 9

LIÇÕES DE MESTRE 9

Hoje, 21 de Março de 2011, os meus passos levaram-me à Biblioteca Municipal, eram três e meia da tarde.

Hoje é o dia Mundial da Poesia.

Na minha terra há momentos de verdadeiro encanto. É preciso procurá-los? É sim senhor, mas que os há…há.

Não éramos muitos mas o suficiente para o espaço estar bem composto. Eram quase todos jovens, e, foram os jovens que disseram poesia. Poesia sua, sobretudo na 1ª parte, onde jovens da Escola de Santo André nos deliciaram com poesia arrancada do seu mais intimo, com uma profundidade e uma clareza impressionantes.

Jovens revoltados? A sua poesia é de desamor, sentida, sofrida, pertinente, actual. É assim a nossa juventude, naturalmente com desenganos, com incompreensões, com mágoas e tristezas.

Alguém lhes lembrou que a vida também é alegria (A luta é alegria), contentamento, prazer, alvoroço, divertimento, festa, amor, e que é preciso cantar, escrever, poetar estes sentimentos humanos.

Aprenderão com a vida, como nos ensinou a poetisa que a seguir leu poesia sua. Cantou o lado bom da vida, partilhada, com emoção, firmeza, como um hino à vida.

Versejadora praticante, de vez em quando, como disse, mas poetizando como Mestre.

Mestres foram os jovens que disseram poesia sua, Mestre foi esta senhora, Mestres foram depois os alunos da Escola Alfredo da Silva que nos maravilharam com a declamação de poemas de grandes mestres, como José Régio, Alexandre O’Neil, Pessoa ou Eugénio de Andrade.

“Tudo parecia concorrer para nos encantar os sentidos” (M. Barreto), mas o apogeu, o topo, aconteceu quando um escolar recitou um poema, veja-se, em chinês. Depois, naturalmente, como “esse outro poeta que esclarece toda a Ansónia” (Camões), veio a elucidação, e todos viemos mais alumiados, como a “esclarecida estirpe dos Gamas” e como disse Camões (o nosso maior poeta!?) assim “Sereis entre os heróis esclarecidos”.

Falei do apogeu, do topo daquele momento de poesia, mas a cereja em cima do bolo, foi quando o jovem, ganhador de um prémio (não fixei o nome de ninguém, nem isso é o principal) leu aqueles poemas, de sentimento, de consolo, da sua relação com a vida. Valeu a pena, porque foi de Mestre.

Assim se faz, se cria, se pratica cultura.

É com estes haveres, estes bens, estes momentos, mas sobretudo com os jovens, que vos digo, com convição, que o Barreiro, e a sua cultura, se perpetuará.

VIVA A POESIA.

Nuno Soares

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