Para o mundo civilizado, Portugal caiu em descrédito, não porque o trabalho dos portugueses por esse mundo fora seja de valor reduzido, que o seu Povo não seja considerado de alta qualidade.
Não consta que os portugueses espalhados pelos mais diversos e distantes países tenham sido rejeitados por incompetência, falta de brio ou mandriões no que lhes compete produzir.
Anátema da actualidade que, quanto ao julgamento e comportamento dos portugueses em sua própria casa, parte de um pressuposto que toda a casta de irregularidades na economia, toda a espécie de desacatos financeiros e todo o desmantelamento das vias produtivas, sustentáculo da economia nacional, são culpa do povo em geral. Tem sentido, quanto à classe dirigente governativa do país que de tão desnorteada, desgovernada, incompetente, irmanada com a corrupção, desbaratara factores de produção nas pescas, agricultura e indústria. Pacífico com abastados e agressivo com os mais carenciados, descredibilizou o país aos olhos dos outros povos, descendo o nível do crédito português.
Injustamente julgados parceiros europeus indesejáveis, os portugueses são acusados de não saberem governar-se, gastando mais do que ganham. Empurrados para a despesa acima das suas posses pelo esquema que preparara a crise para dela os grandes financeiros retirarem dividendos, e os portugueses caíram no falso fascínio da bolsa bancária.
O que o povo português não sabe é escolher quem do negócio governativo entenda, quem de justiça social tenha devida sensibilidade humana, quem da justa distribuição de direitos e deveres tenha horizontes lineares, quem politicamente impeça abusos, oportunismos, e actos corruptivos da camarilha que perdeu a consciência moral, desbaratando o orgulho nacional.
Desprestigiam Portugal, abrindo portas ao enriquecimento ilícito, tratam mal as finanças do Estado para gozo dos que santificam o privado.
Nas habituais pregações angélicas da TV, comentadores levados por estratégias obscuras, em tom moralista descobrem o candidato que ganhou o debate, não porque tenha uma solução para país mas, pelo que habilmente desmantelou na linha de pensamento do outro. Estratégia na interrupção do opositor, arrastando a discussão por mesquinhas guerras partidárias sem projectos para o país, mas pelo que soube interromper e cortar na linha de possíveis propostas do outro, esquema de valorização do que mais palavrões abstractos proferiram.
E o que fica na raia entre o campo privado e o espaço estatal? Convergências nas estruturas tentaculares. Ambos criam os demónios que depois dizem combater e o Povo é que sofre, vendo o seu país submetido a um pacto que encurrala e ameaça a independência e a soberania portuguesas.
Campanhas europeias de inferioridade e descrédito de Portugal e dos portugueses crescem todos os dias, reflectido nas graves consequências de submissão à Troika externa.
Oportuna crise para quem quer mais crise. Eufemismo para intensificarem cortes em cima de cortes nos salários, pensões, esquecendo os altos vencimentos quase sempre acrescidos de prémios e lucros obscenos que arrastam tudo e todos para um buraco sem fundo.
O país está dominado por manápula invisível que manipula como marioneta candidatos à governação de futuro rasteiro. Como oferta, pretendem substituir direitos por dádivas de tipo caritativo.
Portugal passa por ser um país que precisa de ser levado pela mão dos senhores da Troika europeia. Tratam-nos como gaiatos desnorteados e desavindos que necessitam de ser postos na ordem.
De forma geral o fio condutor do descrédito nacional português tem ligação às governações destrambelhadas. Do lado de fora tomam a parte pelo todo e julgam os portugueses pela bitola dos governantes.
Este panorama tem uma componente que entre nós favorece este desígnio. Pois é sabido que o povo no seu país não está isento da classificação que enxovalha a dignidade dos portugueses porque é ele que escolhe e elege os dirigentes para governarem Portugal e até aqui têm falhado as escolhas.
A humilhação é o próximo buraco. E ele joga-se no dia 5 de Junho. Ou somos capazes de o evitar, e desta vez acordamos e damos oportunidade a Portugal para vencer a contenda, desprezando o bloco central e a direita volver, evitando a queda na inércia social, ou olhamos impávidos o desmoronar da Nação Portuguesa.
Que ninguém fique de fora da dignidade de ser português e fazer valer a sua pessoa de pleno direito.
Carlos Alberto (Carló)
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