PONTE…. Sim ou Não?

PONTE…. Sim ou Não?

Na eventualidade de não haver ponte Chelas-Barreiro depois de se terem efectuado estudos, debates, consultas, projectos, maquetas, envolver centenas de especialistas e milhares de outros cidadãos… significaria não só um golpe de efeitos irreparáveis para o Barreiro como comprometeria o desenvolvimento da região e mesmo do país. É preciso lembrar que o paradigma de acesso ao Barreiro se alterou profundamente desde há mais de 150 anos.

O que trouxe para o Barreiro, primeiro a indústria corticeira e depois a indústria de óleos, azeites, sabões, ácidos, adubos, têxteis, metalo-mecânica e por aí adiante foram as acessibilidades da época, no Barreiro, impares no País – ferroviária e fluvial. Com ligação ao concelho do Seixal – ferroviária – através de ponte criminosamente derrubada! Nessa época, o acesso por rodovia não era utilizado porque não existiam os meios rodoviários de transporte! Com a mudança de paradigma das acessibilidades de ferroviária e fluvial para rodoviária, enquanto não houver ponte Chelas-Barreiro, a que se acrescenta a ligação rodoviária ao Seixal, prevista no conjunto das obras do terminal do Barreiro, a população desta pequena península que é o Barreiro manter-se-á encurralada.

Sendo uma pequena península com escassos 34 quilómetros quadrados, o Barreiro “força” empresários ou simples cidadãos, para alcançarem, por estrada, o centro da cidade – ou os dos seus dois principais pólos empresariais, Quimiparque e Quinta das Rebelas – e saírem, a percorrer mais duas dezenas de quilómetros. Aí está o grande constrangimento: os investidores enfrentam custos acrescidos para o abastecimento de matérias-primas e o escoamento dos produtos fabricados – que coloca o Barreiro em desvantagem em relação a concelhos vizinhos.

É aqui que surge a questão estratégica fundamental da comunidade barreirense e que potenciará o seu desenvolvimento: trata-se de aumentar a mobilidade com novas acessibilidades rodoviárias, já que está em causa a ligação da cidade para poente e para norte – Seixal, Almada, Lisboa. Sem ponte Chelas-Barreiro e ligação rodoviária ao Seixal, o Barreiro continuará a definhar na criação de postos de trabalho, acentuar-se-á a componente dormitório do seu espaço e o desenraizamento dos seus habitantes à terra, com efeitos sociais terríveis.

Pesca, novamente? Cidade museu, tendo em conta o património industrial e ferroviário? Turismo na base da Cidade museu do referido património industrial e ferroviário e das belezas naturais dos rios? Cidade das actividades culturais tendo em conta o forte movimente associativo? Não me parece tal ser suficiente para desenvolver o concelho do Barreiro.

A ponte Chelas-Barreiro e a ligação rodoviária ao Seixal são mesmo necessárias. A minha convicção é que, mais tarde ou mais cedo, serão construídas! Por um lado, o trajecto ferroviário Norte/Sul, directo, só se fará se houver ponte Chelas-Barreiro. Por outro lado, a ponte Chelas-Barreiro e a ligação rodoviária ao Seixal reduzirão muito a poluição, que resulta da ausência de ligações directas entre o Barreiro e o Seixal ou Lisboa. Para atravessar o Tejo, percorre-se, para cada lado, no mínimo, trinta e cinco quilómetros, em vez de dez, se houver ponte. Evitam-se milhões de unidades de CO2 expelidas por milhares de viaturas que saem e entram diariamente no Barreiro.

A ponte Chelas-Barreiro e a ligação rodoviária ao Seixal serão também um instrumento de coesão social e de planeamento do território da Área Metropolitana de Lisboa, pois é essencial à construção de uma “cidade de duas margens”, como diz o presidente da Câmara, assegurando a melhoria da mobilidade das populações e das empresas. Todos ganharão – o Barreiro, o distrito e o país.

Alfredo de Matos

 

You must be logged in to post a comment Login