Por: Manuela Fonseca – Dois Presidentes

Por: Manuela Fonseca – Dois Presidentes

Ouvi e vi, estupefacta, há alguns dias, através de canais televisivos, o Sr. Barack Obama dizer, a propósito de dificuldades financeiras do País que governa, que os Estados Unidos não são Portugal. Falar, pejorativamente, desta velha terra que deu antepassados, hábeis no trabalho e nas artes musicais, ao Havai natal do Presidente americano foi um murro no meu estômago.

Não que eu apreenda Obama como uma espécie de Evita Perón – com todo o respeito pela recordada cidadã argentina – dos tempos actuais, qual ícone de uma pseudo-mudança, apenas existente no imaginário colectivo para este se tranquilizar. Não que eu tenha, sequer, as mesmas convicções de carácter político, económico e financeiro dele.

Mas porque Obama encarnou, na campanha eleitoral que o guindou ao elevado cargo que desempenha, um desejo de mudança no seu País que poderia e deveria gerar mais paz, depois do desastre que foram Bush e os sequazes, e, consequentemente, mais ordem democrática e prosperidade no horizonte do Homem.

Ainda porque, com o capitalismo selvagem que coloca tantos portugueses – os trabalhadores, os aposentados, os jovens, os mais necessitados de cuidados de saúde e outros apoios – em apuros, não me parece minimamente aceitável que uma pessoa com funções tão importantes assim refira Portugal.

Ainda porque este capitalismo vigente, rico em truques de “economia de casino” – e outros –, que depaupera tantos e tantos milhões de pessoas, tem cobertura, grada, no país de Obama pelas razões que todos conhecemos.

Na fúria que se instalou contra Países que tinham adquirido direitos – fruto de grandes lutas e dificuldades para acabar com ditaduras, como Portugal, a Grécia, a Espanha – e os que ainda não os atingiram, um Prémio Nobel da Paz, tão recente como Barack Obama, ao fazer jus a tal honra, teria de ser solidário com quem precisa.

Longe de ser um cidadão – dito – comum, o Sr. Obama não pode dar-se ao luxo de desabafos que achincalhem Portugal.

Ele que, ainda por cima, antes de ser Presidente dos Estados Unidos da América, demonstrou conhecer e respeitar, através de produção escrita própria, a nossa História.

Os vapores do(s) poder(osos) e, ou – ouso dizer –,  o temor do(s) mesmo(s), impedem um homem inteligente e culto de ser um dos adjuvantes nas dificuldades que enfrentamos?

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Portuguesa anda “distraído” como, até há pouco, certos Governadores Civis o faziam?

Já manifestou o seu desagrado pelas palavras de Obama?

Afinal parece-me que se confirma, mais de três décadas passadas, a réplica dada, citada na comunicação social portuguesa de então (li-a no saudoso “Diário de Lisboa”), que o grande actor de teatro e cinema estado-unidense Henry Fonda – castigado, várias vezes, por Hollywood, apesar do alto nível de tantos desempenhos no celulóide, com a não atribuição do “Óscar” devido a ser um Cidadão Livre, aliás só entregue, uma vez, no fim da vida – a solicitação dos (também) célebres filhos Jane e Peter Fonda para apoiar a candidatura presidencial do Sr. Carter contra a do Sr. Ford, a consideração de que a diferença de uma para a outra estava, apenas, no sorriso.

O problema, este grave problema que assola Portugal e o Mundo, não se resolve com promessas ou risos.

Como dizia, de forma única, a querida Ivone Silva, “Isto já não vai com palmas (…)!”

Prefiro, por isso, um Presidente de Câmara (sim, escrevo o cargo dele, gostosamente, com maiúscula inicial, como o faço em relação ao Sr. Carlos Humberto de Carvalho e farei para os Sr.s António Costa, Fernando Ruas e outros) a Barack Obama.

Apesar das diferenças de pensamento que, certamente, me separarão dele, opto pelo Sr. Desidério Jorge Silva, que, em terceiro mandato, incontestável, à frente dos destinos de Albufeira, não se poupa a esforços (ainda ontem, dia dezanove de Julho, o fez, à frente das câmaras da RTP 1).

Para que a Cidade que, superiormente, dirige, continue aprazível para os Albufeirenses e os que, como eu, a minha gente e tanta, tanta outra que a sentem como tal, voltem a estar tranquilos lá, roteiro histórico e emblema económico, turístico, de diversidade, simpatia e beleza deste País.

Que Obama aprenda qualquer coisa com Desidério Silva e os seus colegas autarcas do citado Concelho do Algarve.

Alguém informará o cavalheiro norte-americano das pessoas, terras e coisa boas de Portugal? Quiçá para cá vir passar férias com a família.

(Pelo menos ficariam uns euros entre nós…)

Manuela Fonseca *

* Colaboradora do barreiroweb.com

 

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