Qual o significado deste título pouco ortodoxo ?
Mistificação, é o termo adequado para caracterizar as decisões do governo, com medidas pífias de taxação do capital (enquanto penaliza dramaticamente o trabalho), ignorando as propostas de esquerda para taxar as mais – valias bolsistas, aumentar o IRC da Banca (de ~12% para 26%, como paga qualquer empresa), tributar os milhões de lucros das empresas monopolistas (ou quase…), ou para penalizar o enriquecimento ilícito.
Embuste, é o termo certo para classificar o comportamento dos “ Buffet’s” do sistema capitalista, altamente protegidos por isenções fiscais (conforme confessam, cobrindo-se de ridículo a si e aos seus mentores -ou mantidos? – políticos), ou por “benefícios” legais, laboriosamente descobertos por escritórios de advogados altamente remunerados, propondo-se caricaturalmente comparticipar na resolução da “crise” sendo seus dilectos beneficiados!
A justaposição destas duas palavras, originou o termo embustificação, que mesmo não tendo a categoria de neologismo, alerta para o estado de resignação e de conformismo, em que o discurso oficial e a propaganda mediática querem mergulhar os povos e as nações (o povo português no caso vertente). A austeridade não é um dogma, os sacrifícios não são castigos redentores, as medidas que isentam o capital e penalizam o trabalho não levam ao paraíso prometido!
Mas haverá outros caminhos? Quais?
Reafirmando embora que o capitalismo não é o futuro da humanidade, que terá de ser necessariamente mais justo, mais solidário e mais equânime ( para haver futuro!…), coloquemos as seguintes questões – proposta, ao cuidado dos governantes do PSD/CDS e a quem os apoiar :
– Porque não acabam com os paraísos fiscais “off-shore”, onde milhões de milhões são depositados (também portugueses!) , fugindo aos deveres fiscais e prejudicando os países e os povos?! No mínimo, taxando duramente esses depósitos!
– Porque não exigem aos accionistas responsáveis da fraude do BPN ( e aos donos da SLN sua detentora, que ficaram incólumes), o ressarcimento dos 2,5 mil milhões de euros com que se locupletaram ?! Mas preparam-se para os cortar nas áreas fundamentais do estado social ( Saúde , Educação, Segurança Social) !!
– Porque não acabam com a situação obscena de administradores, gestores, consultores, assessores e quejandos, que ganham dezenas de milhares de euros mensais em Empresas Públicas, Institutos, Organismos do Estado etc., enquanto mais portugueses vão à “sopa dos pobres” ?!
– Porque não cortam as reformas milionárias, forjadas em administrações que votaram as benesses elas próprias, quando dois milhões de portugueses vivem no limiar da pobreza?!
– Porque não acabam com o escândalo dos iates e barcos de milhões de euros, que não são taxados porque o sistema informático da Direcção dos Portos não é “compatível” com o sistema central ??
Mas isto não vai resolver a situação ruinosa, dirão algumas almas mais puras!… É demagogia, dirão outras menos lavadas!
A listagem das propostas – críticas poderia continuar!…
O que não resolve mesmo nada é a recessão económica, o aumento do desemprego e o alastrar da pobreza e da miséria. Isso é o que está garantido por este caminho traçado pelo governo PSD/CDS, com o beneplácito envergonhado do PS. E não é só até 2015 !
A questão central não é a exigência da “troika”. É a política neoliberal de direita em si mesma, assumida ideologicamente para defender o grande capital financeiro à custa da pauperização dos povos. Neste caso , à custa da miséria do povo português !
Escreveu Joseph Ki-Zerbo, grande historiador africano : “A história dos povos, como de toda a humanidade, é a história de uma tomada de consciência”. Forjemo-la !
2/9/11
Armando Sousa Teixeira
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