A manifestação massiva de 10 mil militares ( muitos jovens, ao contrário do que especularam alguns comentários “off-side”), incomodou muito mais o poder de direita capitalista e liberal, do que nos quer fazer crer a “candura” das declarações oficiais ( a manifestação é um direito constitucional!).
Lá estivemos em solidariedade, nem sempre por boas razões liga-nos a muitos a Guerra Colonial.
De seguida , em “economia de escala”, passámos à grande manifestação dos funcionários públicos ( e não empregados do estado!). Cento e oitenta mil são quase um terço do número total a nível nacional, num grito inequívoco de descontentamento e revolta contra a discricionariedade das penalizações.
Um grito claro e incontornável, mais relevante neste momento que os votos conquistados na campanha eleitoral dos partidos do governo, cheia de mistificações e enganos ( que repetidos se tornaram em mentiras!).
Uma revolta que levou mais de uma hora a descer a Avenida da Liberdade, unindo pela 1ª vez (salvo erro), no mesmo protesto, sob as diferentes bandeiras da CGTP e da UGT, milhares de homens e de mulheres que servem o seu país e trabalham para a qualidade de vida dos portugueses : administrativos, técnicos e quadros superiores do estado ; trabalhadores das autarquias, enfermeiros; professores; membros das forças de segurança e outros.
Naturalmente os cartazes e as palavras de ordem reflectem o estado de espírito contestatário das medidas que golpeiam profundamente os funcionários do estado :
“Este governo destrói a sua saúde!”
“Troika de trafulhas”, com as figuras do 1º ministro e ministros dos Negócios Estrangeiros e da Educação.
“ Contra os ladrões , marchar, marchar!”
A angústia do momento presente e as perspectivas negras para o futuro ( falta pão para cada vez mais bocas, perdem-se tectos para os bancos malparados, sobra o mês e faltam as verbas para tantos encargos e mais impostos!), conduzem a desabafos compreensíveis mas, como sempre, inconsequentes. Um cartaz em mãos nervosas atira : “ Se continuam a roubar, haverá sangue!”.
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Algumas afirmações “off-reckord” nos últimos dias, tiveram mais tempo de antena nas televisões que as imagens das duas magnificas manifestações. Porque será?
Soam a provocação as declarações que apontam no sentido golpista.
O 25 de Abril de 1974 não foi um golpe de estado, foi um levantamento militar, organizado e amplamente participado a nível nacional, com um programa patriótico, progressista e democrático que derrubou o regime fascista e colonialista e teve o imediato apoio generalizado do povo português, transformado numa verdadeira revolução.
Em democracia o levantamento cívico, com muitos, cada vez mais, milhares de pessoas nas ruas, ( ou em greves e outras formas de luta), com toda a legitimidade constitucional e política ( porque foram enganadas por promessas tripudiadas e estão a ser ilegal e injustamente esbulhadas), é condição necessária e suficiente para derrubar qualquer governo!
Porque caiu o governo social-democrata na Grécia senão pela luta e resistência continuada do povo grego?!
A força pulsante de militares e funcionários públicos procurando alterar os desígnios nacionais, deve frutificar unindo todos os trabalhadores numa grande Greve Geral no dia 24 de Novembro, contra a política classista, capitalista e liberal, que arruína a Nação, exaure a economia pátria e os portugueses, comprometendo o nosso futuro.
Viva a Greve Geral de 24/11/2011 !
Armando Sousa Teixeira
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