Corre com insistência que, mais depressa do que se julga, o ramal ferroviário do Barreiro ao Seixal será encerrado. E que a ponte sobre a ribeira de Coina, construída pelos extintos caminhos de ferro do Estado, está a tornar-se um empecilho para a navegação ate a Siderurgia Nacional, situada a sul da ponte; e a C. P., de acordo com os princípios da economia empresarial, estaria a encarar a exploração daquele ramal como desnecessário, visto ser deficitária.
O ramal do Seixal (assim conhecido porque termina naquela vila), foi construído para ter prolongamento ate Cacilhas. Razões técnico-económicas, aparecidas ulteriormente, impediram a continuação dos trabalhos. Se inicialmente todos os dados da questão fizessem prever que a linha não passaria do Seixal, esta decerto não se faria, nem teria valido a pena construir sobre a ribeira de Coina uma ponte do ferro com um tramo levadiço, de exploração e manutenção dispendiosas. A implantação, da indústria Siderúrgica a sul da ponte criou-lhe problemas; a navegação, que tem de passar por entre Os pilares do tramo móvel é constante, e ás vezes causa avarias graves aos pilares da ponte e ao próprio tramo, havendo ainda necessidade do utilizar um autocarro, pela C. P., para transporte de passageiros por estrada, num percurso de 15 quilómetros.
A C. P. têm procurado defender a existência do ramal do Seixal e ate chegou a propor a Siderurgia a construção do uma linha que, inserida no mesmo ramal, na Azinheira, a servisse directamente. Ficava porém sem solução o caso da navegação, sempre necessária mesmo depois da serventia por via férrea, dada a existência da ponte.
A Siderurgia tomou sempre a posição que mais lhe convinha, recusando a proposta da C. P. Nos últimos tempos, com a construção da ponte sobre o Tejo, o problema passou a ter outros aspectos, que provavelmente conduzirão ao desaparecimento do ramal do Seixal, logo que surja a oportunidade. E a oportunidade estará criada quando se construir, de harmonia com o projecto do Gabinete da Ponte Salazar, a ligação ferroviária dessa ponte com o Sul do Pais, sendo então a Siderurgia servida por uma linha, ligável próximo de Paio Pires ao caminho do ferro que, partindo do Pragal, passa por Coina e vá inserir-se na linha do Sul, em Moita do Ribatejo. Nessa altura valorizada a posição ferroviária nas suas ligações Sul-Centro, a C. P. terá ainda na fonte do tráfego pesado que é a siderurgia, em Paio Pires, um bom motivo para se considerar largamente compensada da perda do um pequeno ramal (de três quilómetros apenas) que, além de deficitário, já não justificaria a exploração e manutenção de uma ponte de estilo já ultrapassado e com um tramo móvel obsoleto.
Esta solução, que se dá como praticável depois de cumprido o programa da ligação ferroviária da ponte Salazar com o Sul do Pais, não é, evidentemente, para Já; mas tem de aceitar-se daqui a alguns anos.
Segundo podemos averiguar em complemento destas Informações, está prevista a ligação fluvial Barreiro-Seixal, logo quo seja encerrado e levantado ramal ferroviário.
Do resto, no mapa da região em quo o Gabinete do ponte Salazar traçou o caminho do ferro a construir desde aponte ate à Moita, Já não se vê o ramal do Seixal, nem a sua velha ponte sobre a ribeira do Coina, mas sim o que globalmente está previsto, Incluindo a ligação com as fábricas siderúrgicas de Paio Pires. Este e um ponto de vista oficial a que não podemos negar sentido económico, com futura projecção no rendimento regional.
A C. P. virá a incumbir, num dos seus pequenos barcos, o transporte de passageiros e mercadorias entre o Barreiro e o Seixal.
IN: Gazeta dos Caminhos de Ferro N.º 1932
de 16 de Dezembro de 1968
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