A incerteza relativamente a 2012, a hipótese do fim dos passes 4_18 e Sub 23, a obrigatoriedade de apresentar lucro nas contas do final do ano, restrições financeiras, aumento de tarifas e otimização do serviço, foram algumas das muitas questões abordadas pelo Vereador da Câmara Municipal do Barreiro (CMB) responsável pelo Planeamento e Gestão Urbana, Rui Lopo, num encontro com estudantes, utentes/potenciais utentes dos Transportes Coletivos do Barreiro (TCB), realizado na tarde de quarta-feira, 11 de Janeiro, no Auditório da Biblioteca Municipal.
Os alunos das escolas do Concelho são um dos públicos-alvo dos TCB. Sem estes o serviço, disse o Vereador responsável pelos transportes a dada altura da sessão – na qual marcaram, ainda, presença o Presidente da CMB, Carlos Humberto de Carvalho, e a Vereadora com as áreas da Juventude, Desporto, Cultura e Associativismo, Intervenção Social e Educação, Bibliotecas e Arquivo, Regina Janeiro – “não faz sentido”.
O balanço da iniciativa, disse Rui Lopo, terminado encontro, “é positivo”. Porque se trata de “uma abordagem mais localizada” de utentes com “necessidades próprias”.
“São estudantes. Têm uma mobilidade, diria, mais avançada. (…) Fazem uma utilização muito vasta dos nossos títulos de transporte e da nossa oferta”, salientou, reconhecendo: “Têm aqui sensibilidades muito importantes que queremos acautelar, perceber, ouvir”.
Para o Vereador responsável pelos transportes, a realização do encontro permitiu dotar os estudantes, “enquanto utentes, de um conjunto de variáveis para uma reflexão construtiva à volta das dificuldades que temos nos Transportes Coletivos do Barreiro – quer aquelas (…) do ponto de vista financeiro e do ponto de vista da operação, quer, numa perspetiva mais lata, de dificuldades económico-financeiras do sistema de transportes metropolitano e das ofertas”.
Passes 4_18, sub23
Ainda sobre os passes TCB 4_18@ESCOLA.TP e TCB SUB23@SUPERIOR.TP, Rui Lopo explicou que circulam informações que “haverá intenções por parte da Administração Central (…) de cancelar a atribuição desses títulos”. “Os estudantes que hoje, usando esses títulos, pagam significativamente menos pelos seus passes, passarão a pagar o dobro daquilo que é o custo que esses passes têm hoje [14,80€]”, esclareceu.
Nesta altura, além destes dois passes ameaçados, dirigidos a este “público”, os TCB dispõem do denominado “TCB Jovem” (+INFO: http://www.cm-barreiro.pt/pt/conteudos/tcbs), opção que, assegurou o Vereador, continuará a existir.
Dificuldades crónicas; dificilmente gera lucro
“Em termos de transportes, as dificuldades são crónicas enquanto área de atividade económica”, afirmou, logo no início da sessão, Rui Lopo. “Sabe-se que o setor dos transportes dificilmente gera lucro”, concretizou. No caso dos TCB, as fontes de receita são a venda dos bilhetes dos passageiros e o apoio da CMB.
“É possível que durante ano de 2012 isto [a conjuntura] se agudize”. Possa, avançou, não haver dinheiro, até, para gasóleo. “Como é que gente faz?”. Este, disse, “é o primeiro grande desafio” pela frente. Porque, explicou a “indefinição é muito grande”.
Apresentar lucro
Durante o ano 2012 há um desafio “colossal”: “Temos de apresentar lucro”. Ou seja, no final do ano tem de se pagar 10 por cento da dívida que transitou do ano anterior. “Desafio enorme como já perceberam”, disse, dirigindo-se à audiência.
Talvez a maior ameaça de todas
A iminência da redefinição dos transportes na Área Metropolitana de Lisboa será, na sua opinião, “talvez, a maior ameaça de todas”. Pode “gerar dinâmicas de afastamento das pessoas dos transportes coletivos”.
Otimizar rede
“Otimizar o mais possível a nossa rede” tem sido a missão para fazer face às dificuldades. O “grosso” recaiu nos horários. Rui Lopo explicou, por exemplo, que nas férias do Natal e Páscoa os horários diferem do período escolar. Tal, sublinhou, é o “peso” dos estudantes na rede.
Aumento de combustível
Os dois aumentos consecutivos em 15 dias do preço de combustível, neste início de ano, não tendo sido tomadas medidas atempadamente, significariam, no final do ano mais 200/250 mil euros de despesa, disse.
Alteração de paradigma
“Este é de facto um momento complicado. “É uma alteração de paradigma que está em cima da mesa”. Rui Lopo lembrou as medidas a ser ponderadas tais como, o fim da ligação Belém/Porto Brandão – com impacto na vida diária de mais de um milhar de pessoas –, horários das estações do Metropolitano, rede da CP, supressão de carreiras da CP, ou serviço noturno da Soflusa.
Serviço de grande qualidade
“Nós [TCB] temos mesmo um serviço de grande qualidade”. E avançou, no Concelho do Barreiro há grande mobilidade das populações.
Em Setembro último, aquando do aumento dos transportes, foi dado “um passo importantíssimo”. Esta alteração foi acompanhada de alguns ajustamentos favoráveis. “O conceito que temos de passar às pessoas é: viagem muito e paguem proporcionalmente menos”, disse.
Deixar de ter transportes?
“O que tínhamos e o que temos em cima da mesa é deixar de ter transportes”. Porque, explicou, não há dinheiro.
Junção das carreiras 5 e 16
Num esforço de otimização – que vai no sentido de evitar sobreposição de trajetos – está a ser colocada a hipótese da junção das carreiras 5 e 16. Esta medida permitiria poupar cerca de 500 euros/dia.
Competir e coopetir
Num cenário em que é expetável que sejam decididos novos aumentos, Rui Lopo sublinhou a necessidade do aumento da competitividade dos transportes públicos face ao individual. Entre transportadoras, salientou, não competir mas coopetir.
CMB 2012-01-13
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