PÚBLICO OU PRIVADO ? [IX] PRESIDENCIAIS 3 : GANÂNCIAS E ALEIVOSIAS

PÚBLICO OU PRIVADO ? [IX]   PRESIDENCIAIS 3 : GANÂNCIAS E ALEIVOSIAS

 Há muitos anos, quando da adesão de Portugal à CEE ( Comunidade Europeia),pela mão de Mário Soares e a assinatura de Cavaco Silva, desconfiámos que as coisas não iam correr como desejava a «vox populi», iludida, de que íamos viver melhor, os electrodomésticos e os carros iam baixar e os ordenados iam subir para o nível da Europa.

Contrapunha-se com a sabedoria popular de que ninguém dá «porcos em troca de chouriços», e com as próprias leis de mercado capitalista, «negócio que não dá lucro, não é bom negócio! ».

Vinte e quatro anos e milhares de milhões de euros depois, a realidade dramática aí está, uma dívida externa gigantesca, uma economia em recessão,  o aparelho produtivo destruído, o aparelho de estado na mão de clientelas, o enriquecimento dos grupos económicos, um País e uma grande parte da população cada vez mais pobre.

Estávamos longe de perceber o alcance da estratégia dos ricos da Europa que «deram» centenas de milhões para construir as estradas por onde entram os seus excedentes (cada vez importamos mais!…), ao mesmo tempo que era destruída a estrutura produtiva nacional. Por outro lado, para comprar apoios e silêncios comprometidos, dezenas de milhões de euros foram directamente para os bolsos fundos da corrupção e para as algibeiras rotas da subsídio – dependência, criando hábitos de consumismo egoísta e de ganância novo – riquista.

Talvez a estratégia não tenha sido pormenorizadamente estabelecida, o sistema capitalista é especialista em ajustamentos tácticos (foi assim que nasceram a social – democracia, e, entre nós, o «socialismo» em liberdade!…), mas é hoje evidente que os investimentos da Europa em Portugal, associados ao imperialismo americano nos chamados mercados financeiros, deram com uma mão e agora tiram com as duas! Vão sugar-nos até ao tutano em juros da chamada dívida soberana.

Os resultados destas aleivosias estão à vista: aumento do fosso entre ricos e pobres, centenas de milhares de desempregados, aumento da pobreza e da indigência entre milhões de pensionistas e idosos, desespero e fuga da juventude sem futuro.

Erigidos em orientação política e económica pelos partidos do arco do poder, nos últimos 30 anos : PS, PSD, CDS, os princípios do capitalismo neoliberal, conduziram o País para uma das piores situações da sua história.  

Os responsáveis têm nomes e têm rostos !

Os candidatos à presidência da República que esses partidos apoiam, ou que vêm das suas fileiras, também não estão inocentes : por coparticipação, por omissão, por partilha de benesses, por não assumirem claramente a ruptura com essas orientações.

Cavaco Silva e Manuel Alegre merecem ser derrotados no dia 23 de Janeiro !

Barreiro, 18/1/2011

Armando de Sousa Teixeira

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