Pantomineiros são aqueles que representam pantominas ou, na acepção popular, quem provoca o embuste, sujeitos enganadores que criam a ilusão de tratar com rigor e com verdade aquilo que não passa de trapaça ou mentira.

   Como dizia o nosso grande poeta popular António Aleixo :

A mentira para ser segura

 E atingir profundidade,

 Tem de trazer à mistura

Qualquer coisa de verdade

   1. Ocorreu-nos este título ao ouvir o comissário europeu Olli Renh, afirmar com um ar seráfico, que o programa da “troika” para Portugal,…”é doloroso e difícil, mas necessário para o País recuperar a competitividade”!?

       E logo apareceu um inevitável deputado do PSD a dizer que já vislumbrava, “a curva ascendente da recuperação em 2013”. Sem pestanejar!

      Economistas cegos politicamente, ou políticos ignorantes economicamente? Nem uma coisa nem outra : pantomineiros!

   2. Com a recessão económica a agravar-se, o desemprego a aumentar, o investimento a diminuir, a inflação a galopar, o crédito bancário a “desaparecer”, as falências a crescerem, os impostos a castigarem, os salários e pensões a diminuírem, a fome a grassar, a arrogância governamental a subir, o estado de ânimo dos portugueses a claudicar, a economia vai recuperar em 2013?

       Este é um caminho de desastre nacional, como está provado na Grécia, em que com um ano de avanço, a pantomina dos “mercados”, da divida soberana e da austeridade, originou uma autêntica tragédia na Pátria grega, berço da civilização clássica e milenar.

   3. A pantominice dos empréstimos para pagar dívidas ( os “nossos “ de 78 mil milhões de euros, vão pagar 35 mil milhões de juros!), sem investimentos na estrutura produtiva que possibilite a recuperação económica, vai conduzir-nos ao mesmo purgatório que a Grécia já está a viver. Quiçá, ao próprio inferno!

      Recordamos páginas magnificas de Aquilino Ribeiro, mostrando como os empréstimos usurários nas Beiras, no tempo das manigâncias com o volfrâmio e do pequeno campesinato arruinado, engordando os agiotas (lavradores ricos, grandes proprietários de pequenas terras!), e levando os pequenos agricultores insolventes ao desespero e à emigração (Brasil e Venezuela primeiro, depois França, Alemanha, Luxemburgo, Suiça…) numa diáspora feita de “saltos” e lágrimas, provações e bairros de lata, saudades e “viúvas de vivos”.

      O governo pantomineiro já está a incentivar a emigração!…Os agiotas são agora os grandes grupos financeiros (bancos, seguradoras, fundos de investimento) escondidos por detrás dos “mercados”, o resultado final será o mesmo – o desespero e a ruína do País, se os portugueses não decidirem alterar o rumo.

   4. Retomemos o tema da pantominice e a forma como a intoxicação e a propaganda oficial podem iludir a realidade.

       Um anúncio pomposo nos jornais, rádio e televisão, cantava as virtudes do pagamento em dia certo do Subsídio de Desemprego, decidido a partir deste mês  pelo ministro da Solidariedade Social ( o inefável Mota Soares, que anda de “Mota” para a fotografia e de “carrão” o resto do dia!). Só não explicava porquê o pagamento que era feito normalmente no dia 15 (oficialmente entre 12 e 19 de cada mês),foi efectuado a 23/02/2012?!

       Com um “passe de mágica”, o Ministério da SS, “ganhou” oito dias e uns largos milhares de euros à custa do desespero (e da fome em muitos casos!…) de mais de três centenas de milhares de portugueses (mesmo assim ,um terço do total de desempregados!). O subsídio de desemprego não é uma esmola, é um direito social conquistado em Abril!

       Como nos velhos “bons tempos” do PS, o governo PSD/CDS ( com o beneplácito do dito!…), já tem a funcionar uma central de informação e propaganda, cheia de pantomimas! [1]

[1] O mesmo que pantominas, segundo o Dicionário de Língua Portuguesa, antes do Acordo Ortográfico, como continuarei a escrever.

                                                                 25/02/12

 Armando Sousa Teixeira