Este texto pretende ser, por um lado, um agradecimento especial aos dois grupos de alunos que apoiaram a sessão de apresentação do Projecto «Olhar Augusto Cabrita – sentir compreender e revelar», realizada no passado Sábado, 16 de Março, no Auditório Municipal Augusto Cabrita, e que foram os jovens do Curso Profissional de Recepção, da Escola Secundária Stº André e os alunos do 1ºB (CEF de Hotelaria e Serviço de Mesas), Escola Padre Abílio Mendes do Agrupamento Escola Augusto Cabrita e, por outro lado, um pedido a todos os professores e educadores que leccionam turmas de CEF e que tantas vezes sentem que não vale a pena trabalhar com estas turmas.
É importante desmistificar a imagem negativa muita gente tem destes cursos, principalmente dos CEFs (Cursos de Educação e Formação). Muitos consideram até que estes deviam acabar porque os alunos não querem fazer nada e revelam-se verdadeiros delinquentes. A verdade é que a maior parte dos miúdos destes cursos são desmotivados e têm aversão à escola. Aprendem melhor nas aulas práticas e comportam-se melhor nestas. Muitos vêm de famílias completamente desestruturadas, com histórias de vida muito complicadas, algumas até dramáticas. São jovens a quem, a maior parte das vezes, a vida não sorriu nem sorri. Cabe a nós, na Escola, proporcionar-lhes esses sorrisos a que têm direito, mostrando-lhes as formas corretas de os poderem alcançar. Tudo passa por um esforço muito grande que envolve o ajustamento dos programas às realidades dos alunos, um ambiente de aprendizagem calmo, acolhedor e prazenteiro, onde impere a exigência, a educação, o respeito e a disciplina, e uma capacidade enorme em acreditar na transformação do ser humano, respeitando as diferenças nos comportamentos e nos saberes.
Ora isto significa, em muitos casos, “fazer das tripas coração” para os cativar e ensinar. Eu própria, que lecciono estas turmas há vários anos, sinto a minha energia e motivação frequentemente esgotadas mas, felizmente, penso nos casos positivos (nem que seja apenas um) e não desisto de os “trazer até a mim”, de lhes mostrar o caminho certo, de os educar pelo caminho do trabalho, dos valores e dos afetos. Nem sempre consigo mas se conseguir “trazer” um já é uma conquista. Tudo é melhor do que baixar os braços e vê-los na rua, ao abandono. Não quero deixar transparecer que estou perante algum acto heróico da minha parte. Não. Esta é a minha obrigação, enquanto professora/ educadora. É fácil ser professora quando os alunos são de fácil trato e aprendem bem. Mas os casos difíceis são, na minha opinião, a verdadeira razão de qualquer professor que se preze.
Os alunos que estiveram no AMAC neste dia são a prova de que importa acreditar, apostar e nunca desistir deles! Os jovens assumiram o seu papel e função com muito profissionalismo e brilharam pelo serviço prestado, não só por terem já demonstrado técnica adquirida mas também pela amabilidade e educação que apresentaram. Todos os professores estão também de parabéns, em especial os professores que os acompanharam, Manuela Rocha e Carla Lagoa, pois a preparação em aula e estas experiências práticas são fundamentais para que os jovens formandos tenham sucesso no seu local de estágio, em contexto real de trabalho, estando assim mais preparados para iniciar a vida ativa.
Clara Soares (Profª da Escola Secundária Augusto Cabrita)
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