O prestigiado fotojornalista Eduardo Gageiro esteve na Biblioteca Municipal do Barreiro, no dia 21 de abril, para apresentar o seu mais recente livro “Liberdade”. A obra contempla cerca de 40 fotografias, a preto e branco, obtidas entre os dias 25 de abril e 1 de maio de 1974.
Na sessão, o Presidente da Câmara Municipal do Barreiro, Carlos Humberto de Carvalho, agradeceu a presença do fotojornalista e anunciou que no próximo ano, o programa comemorativo do 40º aniversário da Revolução do 25 de abril irá contar com a exposição de fotografia “Liberdade” (com fotos do Livro agora apresentado).
O Presidente recordou a época em que era membro comissão cultural do Luso Futebol Clube e organizou uma exposição de fotografias de Gageiro, na sede da coletividade. Fez questão de mencionar, particularmente, uma fotografia que apreciou muito, na qual estava retratados uns pobres a pedir esmola à porta de um Banco, em Lisboa. Carlos Humberto de Carvalho apontou este exemplo, para dizer que ele “procura transmitir nas suas fotografias a própria vida e o quotidiano. Neste momento que atravessamos, devemos continuar a intervir a olhar para o povo e para todos os setores da população portuguesa com olhos de ver”.
“Fortes Laços” ao Barreiro
Por seu turno, Eduardo Gageiro confidenciou que tem “fortes laços ao Barreiro”. Esta relação iniciou-se com o convite do seu grande amigo barreirense Augusto Cabrita para realizar a sua primeira exposição, nos anos 60, na S.I.R.B. “Os Penicheiros”. Uma ligação ao Barreiro que perdurou, com a realização de muitas reportagens nesta Terra, para além de ter tirado uma fotografia que teve uma “grande influência na sua vida”, uma vez que ficou em primeiro lugar num concurso em Pequim (entre 35.000 fotografias). Consequentemente, foi convidado para uma exposição no Museu Mundial de Arte daquela cidade, tendo sido para ele a mostra “mais importante” da sua vida.
Recordou, ainda, a sua primeira exposição retrospetiva, em 2009, no Auditório Municipal Augusto Cabrita, premiada pela Sociedade Portuguesa de Autores.
A ligação ao Barreiro mantém-se e confessou: “estou sempre disposto a colaborar. Fico feliz pelo Barreiro ter tanta influência na minha carreira”.
“O Fotógrafo da Verdade”
Em relação ao seu livro “Liberdade” Eduardo Gageiro considera-o um veículo para alertar as pessoas para uma “revolução que esperávamos todos que acabasse com a injustiça social, que acebasse com o grande fosso existente entre ricos e pobres mas que, infelizmente, não aconteceu”, lamentou.
Questionado sobre qual a sua fotografia preferida publicada no livro, elege a primeira tirada às 7 horas da manhã, no Terreiro do Paço, quando um militar impede a sua passagem. Gageiro resolve a questão ao dizer ser “amigo do Comandante”. Deixaram-no passar. Salgueiro Maia reconhece-o do “Século Ilustrado” e a partir daí acompanha-o em todas as operações.
A título de curiosidade, o livro termina com uma dedicatória de Sagueiro Maia a Eduardo Gageiro – o “fotógrafo da verdade”.
Eduardo Gageiro consegue um “furo” nos Jogos Olímpicos em Munique
Em 1972, esteve como fotojornalista do “Século Ilustrado” nos Jogos Olímpicos de Munique, coincidindo com a presença do desportista barreirense Carlos Oliveira, mais conhecido por “Boia”.
Presente na sessão, “Boia” fez-lhe recordar o momento em que membros da equipa olímpica de Israel são tomados de reféns pelo grupo terrorista palestino denominado “Setembro Negro”. Eduardo Gageiro consegue “um furo” – entra na cidade olímpica e tira fotos, a partir de um 16º andar, à tentativa de libertação dos reféns. Uma operação mal conduzida pela polícia alemã levando à morte da maior parte dos reféns.
Eduardo Gageiro, prestigiado fotojornalista português, nasce em Sacavém, a 16 de Fevereiro de 1935.
Começa a sua atividade de repórter fotográfico no” Diário Ilustrado”, em 1957.
Foi fotógrafo de: “O Século Ilustrado”, “Eva”, “Almanaque”, “Match Magazine”, “Associated Press” (Portugal), “Companhia Nacional de Bailado” e da Presidência da República.
Expõe individual e coletivamente nos cinco continentes, desde 1967.
Tem mais de 300 prémios ganhos em todo o mundo.
Publicou 16 livros, com textos de alguns dos principais escritores portugueses, tais como: José Cardoso Pires, José Saramago, Lobo Antunes, Lídia Jorge, Sophia de Mello Breyner Andresen e Miguel Torga.
Figura na Grande Enciclopédia Portuguesa-Brasileira – “O Grande Livro dos Portugueses” e na “Nova Enciclopédia Portuguesa”.
Expõe fotografias em vários museus internacionais.
Mestre fotógrafo honorário – “Associação de Fotógrafos Portugueses”.
Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.
Esta iniciativa inseriu-se na iniciativa “Biblioteca ConVida” e no programa comemorativo do 39º aniversário do 25 de Abril de 1974. .
CMB 2013-04-22
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