Ao que se julga, as actividades económicas no Barreiro, em tempos idos, terão sido constituídas por agricultura e pesca.
Seguiu-se o predomínio da indústria corticeira, ferroviária, e química. Actividades que, naturalmente, foram ditando a morte da agricultura e da pesca, substituindo-as.
As indústrias referidas, trouxeram alguns malefícios, sobretudo na área ambiental, e no ordenamento do território.
Um crescimento acelerado, ditado pela urgência da laboração fabril, levou a que o território crescesse de costas voltadas para o rio, que em breve, se transformou de local aprazível e detentor de recursos alimentares para muitas famílias, num rio poluído que inviabilizou a manutenção da actividade piscatória, a qual ficou reduzida, tendo perdido a importância de actividade económica que outrora detinha.
Hoje, com a construção da ETAR Barreiro/Moita e com novas filosofias de defesa do ambiente, o rio começou a despoluir-se e o seu habitat natural começa a reconstruir-se.
Tal realidade, começa a ter impacto na actividade económica, notando-se um aumento da actividade da pesca, mais pescadores, e, sobretudo, mais uma forma de fazer face a situações crescentes de desemprego por parte de quem nunca perdeu o gosto pela actividade.
No Barreiro, fruto dessa realidade, começam a ressurgir actividades ligadas ao rio, como é o caso da pesca, identificando-se já um número considerável de pescadores, pessoas que tiram do rio o sustento das suas famílias.
Segundo o STP Sul, esta realidade é já reconhecida pela APL que se mostra disponível para apoiar este tipo de actividade no Barreiro, tendo, em Abril passado, visitado as instalações da Doca da CP, no Barreiro e a Barra-a-Barra, a convite deste Sindicato.
A visita ocorreu, na sequência dos problemas que o Sindicato tem vindo a levantar nas reuniões mensais que tem mantido com a APL, sobre a falta de condições de trabalho das comunidades piscatórias do Concelho do Barreiro, derivadas da inexistência de infra-estruturas de apoio à Pesca.
O Sindicato tem igualmente vindo a abordar esta questão, inexistência de infra-estruturas, com as Câmaras do Barreiro e Moita e também com a ARHTejo, manifestando insistentemente a necessidade de encarar o problema e encontrar soluções, que apoiem e desenvolvam uma das tradicionais actividades desta zona, considerando que as 57 embarcações registadas na Delegação Marítima do Barreiro demonstram a potencialidade existente da pesca artesanal e local.
A realidade actual, dá-nos conta que, no Barreiro, a maioria dos Pescadores exerce a sua actividade num local cedido, pela CP, (a Doca da CP), e ainda em alguns lugares dispersos.
Existe a consciência de que, quer a localização, quer as instalações cedidas pela CP, podem constituir uma solução com condições e com recurso a investimento de pouca monta, bastando uns melhoramentos que permitissem a acostagem para descarga do pescado, e arrecadações para armazenamento dos materiais dos profissionais da Pesca.
Na Barra-a-Barra, a situação é pior, pois para além dum pequeno cais palafítico construído pelos próprios pescadores, não existe rigorosamente mais nada.
Aí a faina é bem mais dura, pelo assoreamento existente, que leva a que a descarga do pescado se faça numa árdua caminhada de 400 metros na lama até puder chegar a terra e onde não existe nenhum local para arrumar as redes e os aprestos. A solução neste local, passa pela construção dum pequeno cais na zona de maior caudal e encontrar uma pequena parcela para a construção de pequenos alvéolos de armazenamento dos materiais da pesca.
Mesmo estando sensível e aberta a uma solução para ambos os problemas, a APL embora tendo a jurisdição da área, não pode avançar com melhoramentos por os terrenos pertencerem, no caso do Barreiro, da CP e no caso da Barra-a-Barra, da Baia do Tejo. Este é um obstáculo para encontrar uma solução que dê condições condignas de trabalho ao Pescadores.
A procura para a solução destes problemas, envolve diversas entidades, como as Autarquias do Barreiro e Moita dentro do quadro do Arco da Zona Ribeirinha, tentando estabelecer sinergias onde a Pesca Profissional Artesanal e Local tenha o seu espaço, que no entender do STPSul valorizará a Região, contribuirá como pólo turístico sem deixar de contribuir para a Gastronomia, onde o pescado pode assumir importância.
A possibilidade de resolver os problemas actuais, depende essencialmente, do envolvimento de todas as entidades com poder para tal, como é o caso das Autarquias, da CP da Baía Tejo.
O STPSul tem vindo a colocar o problema da Pesca no Barreiro na ordem do dia, porque estamos convencidos que esta pode ser também uma vertente das actividades económicas que pode e deve valorizar o Barreiro.
Nos últimos tempos, o Sindicato tem vindo a abordar estas questões com as entidades competentes, convicto de que com um melhor conhecimento da importância e o lugar próprio que a Pesca tem no Barreiro, é fundamental reflectir e encontrar a breve trecho, soluções, sob o risco de com o tempo e a falta de condições ao exercício da pesca, esta sucumba, perdendo o Barreiro uma das suas mais tradicionais e antigas actividades.
O Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Sul considera, que à semelhança do que aconteceu em Trafaria, Almada, onde se vai construir um porto de abrigo na Cova do Vapor e também em fase de aprovação na Trafaria para a pesca artesanal, tal realidade pode ser conseguida também no Barreiro, o que significaria uma mais-valia para a cidade e concretizaria o desejo de aproveitar em pleno, as potencialidades dos nossos rios.
Será caso para dizer: Há pescadores no Barreiro ?
JE – Barreiroweb.com
4 Responses to "HÁ PESCADORES NO BARREIRO!"
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