Por carta da lei de 7 de Agosto de 1854, aprovando um contracto feito pelo governo em 24 de Julho desse mesmo ano, foi determinada a construção duma linha férrea, ao sul do Tejo, partindo de Aldeia galega a Vendas Novas.
Em resultado, porém, de dificuldades que surgiram, e especialmente por influência do ministro que por tanto tempo patrocinou o Barreiro, apareceu, em 26 desse mesmo mês e ano, outro decreto aprovando um contracto adicional, no qual se determinava que a estação “terminus” desta linha fosse no Barreiro.
Assim sucedeu, e no dia 1 de Fevereiro de 1861, foi este caminho aberto ao publico, tendo apenas 69 kilometros em exploração, 56 na linha principal e 13 no ramal de Setúbal, havendo a companhia construtora chamada “brazileira”, recebido do governo, a título de subvenção, a importância de 551:893$676 réis, além de madeiras no valor de 359:480$454 réis.”
A primitiva estação principal deste caminho foi construída a cerca de ’um kilometro ao sul da vila, e ainda se conserva; é um majestoso edifício que mede 68 metros de largura por 95 de fundo, incluindo o grande terraço que lhe fica na frente e para o qual se sobe por duas amplas escadas laterais de cantaria; este edifício ocupa uma área de 6.460 metros quadrados, tendo só a gare 32 metros de largo por 67 de comprido.
O local escolhido para a sua edificação foi péssimo; primeiramente, os passageiros que de Lisboa se dirigiam para este caminho, desembarcavam na ponta do Mexilhoeiro e tinham de percorrer a pé um extenso areal de cerca de dois kilometros, antes de chegarem ao local onde deviam meter-se no comboio; mais tarde começou o vapor a ir lançar os passageiros mesmo defronte da estação, mas ainda assim o incomodo não era menor, pois que passavam do vapor para pequenos barcos que os vinham lançar em terra, tendo ainda de percorrer, a pé, uma certa distancia até á estação.
Ulteriormente procuraram remover estes inconvenientes construindo uma extensa ponte de madeira, com trezentos e quarenta metros de comprido, que unia o cais com o ponto onde o vapor podia chegar, a qual foi demolida quando se terminou o grande aterro ultimamente construído, em cuja extremidade se edificou a nova estação
Desta ponte, desaparecida já há uns bons seis anos, ainda hoje nós, os barreirenses, possuímos uma onerosa recordação – o celebre imposto de 40 réis (que ainda hoje se paga) lançado sobre o preço de cada bilhete vendido no Barreiro ou para o Barreiro, com o fim de ocorrer ás despesas da conservação ou mesmo da sua construção!
É difícil explicar a existência deste imposto, na actualidade depois de cessar a causa que o motivou.»
J. A. Pimenta – 1886
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