Viagens no Tempo

Viagens no Tempo

Num percurso temporal à nossa dimensão, podemos imaginar como somos insignificantes, gastando ao tempo universal um micro milionésimo de um micro milionésimo de um segundo do tempo sideral, sem princípio nem fim.

No espaço proliferam inúmeros sistemas solares, estrelas, planetas e cometas, buracos negros e outras formações espaciais, pelo que a nossa dimensão planetária é menos do que um ponto parágrafo num livro acantonado numa biblioteca repleta.

 Neste ínfimo espaço temporal damos alguns passos, viajamos mais longe e mais depressa com a memória, permitindo-nos retroceder de forma acelerada e no regresso ao nosso tempo imaginar o futuro.

A viagem no tempo, cada um tem a sua. Podemos aliar o passado com o presente, procurando descortinar os passos seguintes que se estendem na caminhada da vida. Força vital que nos orienta no instantâneo tempo sideral de que dispomos.

Temos memória dos nossos espaços, usamo-la para trilhar a via da nossa resistência. Viajamos no espaço às costa do Planeta que habitamos e nos permite transitar no universo com um endereço desconhecido.

A réplica à extensão do tempo, para além de nós, vive no nosso imaginário. O que desejamos nem sempre se cumpre. Os homens fazem e desfazem o seu tempo.

Falemos do que aprendemos e do que sabemos pela memória colectiva e do que supomos desenhado para o futuro que nos aguarda.

O Barreiro tem contornos incomparáveis. Rodeado a Norte e a Leste pelo maior rio que corre em Portugal e pelo pequeno Coina. O Povo deles viveu. O Tejo tem água mais que suficiente, durante muito tempo a sua maior riqueza. Pródigo de peixe, enchia as redes das frotas pesqueiras, onde se distinguia o barco Muleta, embarcação robusta, de silhueta emproada e encrespada. Os pescadores percorriam a Barra onde o peixe graúdo procurava alimento, caindo nas malhas das redes.

Numa viagem imaginária revisitamos o Largo da Senhora do Rosário no tempo que sentimos mais ou menos longo, recuando na máquina do tempo, recordamos o frenético ambiente do local num regresso ao princípio do século vinte, repescamos a actividade social daquele lugar, o centro de vida humana barreirense que no crescente processo social se estendeu para o interior. O homem daquele lugar vivia quase em exclusivo da pesca. Mais afastado dos rios Tejo e Coina a subsistência era pela agricultura, a criação de gado, profissões caseiras e pouco mais ocupava o escasso povoado. Este tempo deu lugar às ditaduras que torturaram, empobreceram e mataram gente que lutou e o mundo português transformou. Lembramos que o Povo esteve subjugado durante um longo consulado fascista, regime ditador que impunha uma polícia política e regras draconianas de vida vassala a preceitos políticos e sociais de miséria humana.

Este salto atrás na vida dos portugueses serve para recordar aquele tempo e dizer aos jovens que o que se passa hoje tem novas regras de cálculo que se baseiam em novos esquemas de clausura sem prisão à vista e novas formas de tortura sem violência física directa mas, de grande afronta social. Projecto político de idêntico objectivo domina as massas populares, conduzindo-as à precariedade social.

Hoje é o fantasma e agiota “Mercado” comandado por cabecilhas da nova ordem internacional com informadores privilegiados nos “ranks”, agências de Ratings baseadas nos E.U.A. e subservientes comparsas internos que impõem a ditadura económica, enclausurando os povos na cadeia da miséria. Este poder internacional é como fumo, especula, passa por nós, sufoca-nos e desaparece como se não existisse mas, sempre presente por interpostos impostores e servidores que servem aquele poder invisível. O – MIDE – Mercado Internacional de Defesa dos Especuladores – controla as políticas fiscais da atribuição das notações de crédito até a insolvência. Internamente três partidos de do arco governamental preparam-se para colaborar com o – MIDE – e deixar o Povo à mercê desta máscara silenciosa que suga o sangue dos portugueses.

Até quando nós Povo nos deixamos enganar? Não olhemos as estatísticas preparadas para ditar o vencedor, guiemo-nos pela nossa vontade de devolver Portugal aos portugueses.

Carlos Alberto (Carló)

Abril de 2011

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