O Ultimo Moinho de Maré do Barreiro

A MORTE ANUNCIADA DA ÚLTIMA FÁBRICA DE CORTIÇA DO BARREIRO

É do conhecimento  público, a última fábrica de Cortiça  no Barreiro, onde funcionava a empresa: “Esence – Sociedade Nacional Corticeira SA, “morreu”.

A empresa Corticeira foi declarada insolvente por decisão judicial proferida pelo Tribunal de Comércio de Lisboa em 4 de Julho de 2008.

O seu património foi vendido em leilão, sendo que 3 empresas da área de actividade sucateira adquiriram o recheio da Fábrica, equipamentos, máquinas, ferramentas, etc…etc…, e o terreno foi adquirido pelo BCP.

A imagem de desmantelamento da fábrica é desoladora, como é desolador observar o estado de degradação do Moinho de Maré ali existente.

Ver todas as máquinas serem desmanteladas para serem vendidas como sucata, ver o conteúdo dos últimos produtos ali confeccionados, amontoados com destino a um qualquer contentor de lixo, é confrangedor.

Tomar consciência, de que, todo aquele local que já fervilhou de vida, onde se produzia e gerava riqueza para o País, onde se empregavam famílias inteiras, que com os seus salários pagavam os impostos necessários ao desenvolvimento do Estado, verificar que boa parte da produção daquela fábrica se destinava a exportação, contribuindo assim para um maior equilíbrio entre as exportações e importações, não passa agora de um amontoado de lixo, é desolador.

“Morta” a última fábrica de Cortiça do Barreiro, que memórias ficam para o futuro dos nossos filhos, desta actividade industrial, que, em tempos, foi deveras importante para o Concelho?

Talvez se possam recolher algumas peças das que se destinam à venda como sucata para que se possa contar a história da indústria Corticeira no Barreiro; talvez se possa preservar algum daquele Património, tal como aconteceu no Concelho vizinho do Seixal, aquando da extinção da Mundet; talvez se possam recolher umas quantas peças que mais tarde, possam contar a história da cortiça, integrando um futuro Museu da Indústria no Barreiro.

Diz o poeta que “O Homem sonha, a obra nasce”.

Vamos sonhar que é possível escrever a história do Barreiro, incluindo a indústria que faz integrante do nosso Património, da nossa Memória, que queremos preservar para o Futuro dos nossos filhos.

Vamos sonhar que é possível que no território de Alburrica, onde se encontra o terreno em causa, não vai nascer um condomínio privado, de luxo, composto por enormes blocos de cimento que cortem a vista para o rio, que destruam o último moinho de maré que existe no Barreiro.

Vamos sonhar, porque, talvez sonhando, a obra nasça!

barreiro/2010

José Encarnação

3 Responses to "O Ultimo Moinho de Maré do Barreiro"

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