imagens de Eduardo Gageiro nos primeiros dias da Democracia patentes no amac
Mais de 30 imagens, captadas pela objetiva do fotógrafo Eduardo Gageiro, desde o dia 25 de Abril de 1974 até ao dia 1 de Maio, estão em exposição no Auditório Municipal Augusto Cabrita (AMAC), no Barreiro, até 25 de maio. A inauguração teve lugar ontem, 13 de abril, e contou com a presença de Eduardo Gageiro, do Presidente da Câmara Municipal do Barreiro, Carlos Humberto de Carvalho, e da Vereadora Sónia Lobo.
A ‘história’ começa com um telefonema às 6h00. Do Século Ilustrado, dizem-lhe “vai para o Terreiro do Paço que hoje é que é”, conta Eduardo Gageiro na visita guiada à exposição. O fotógrafo explicou cada fotografia, cada registo, daqueles dias que mudaram a História de Portugal. Começou por uma imagem em que se vê a cara de um soldado que lhe tentou ‘barrar’ a passagem no Terreiro do Paço, às 7h00 da manhã. Para conseguir passar, Eduardo Gageiro disse-lhe que era amigo do comandante. “Nem sabia quem era o comandante”, referiu aos presentes na exposição, acrescentado que, depois, apresentou-se a Salgueiro Maia como fotojornalista do Século Ilustrado. A partir daí acompanhou as ações dos militares a par e passo, estando presente nos momentos culminantes das negociações, ouvindo as decisões e captando imagens que fazem história e que mostram os sentimentos de alegria vividos nos dias da Revolução e nos posteriores.
Fotografias das forças armadas e do povo nas ruas, a 25 de Abril, a prisão de agentes da PIDE, no mesmo dia, o cerco à PIDE e imagens no interior da sede na Rua António Maria Cardoso, no dia seguinte, o desfile e manifestação do 1º de Maio e, ainda, duas fotos do dia da tomada de posse de Spínola, podem ser vistas nesta mostra que inclui também excertos de poemas de Ary dos Santos, Sophia de Mello Breyner e Manuel Alegre.
A inauguração da exposição contou com a participação, na apresentação, do jovem neto de Eduardo Gageiro, Afonso Gageiro, que agradeceu a presença de todos e referiu que esta mostra se constitui como “uma honra para o meu avô”. Eduardo Gageiro confirmou que, de facto, é uma “grande honra” expor o seu trabalho no Barreiro. “É uma cidade com que sempre me identifiquei e fiz cá grandes amigos”, recordando, entre eles, o fotógrafo Augusto Cabrita.
“O dia 25 de Abril foi dos mais felizes da minha vida. Pensei que tudo ia mudar, que iríamos ter uma vida melhor e liberdade para falar”, referiu Eduardo Gageiro. “Durante um período tivemos uma vida que melhorou muito, mas, a partir de certa altura, as coisas começaram a ser diferentes e chegaram ao estado em que estão”, lamentou, considerando que, passados 40 anos, não se cumpriu Abril. “Temos de agir e lutar pelo Portugal que ambicionámos”, salientou o fotógrafo.
Carlos Humberto de Carvalho considera que a “A Revolução de Abril foi uma grande conquista, talvez o acontecimento mais importante do século passado. Uma conquista que foi construída com décadas de resistência”. Após 1974, “demos passos em frente e demos passos atrás, mas é preciso não desistir”. “Reviver o 25 de Abril é reviver algumas das ideias centrais: por mais difícil que as coisas sejam é possível dar a volta”, salientou o Autarca.
Em relação à exposição, Carlos Humberto de Carvalho referiu que “algumas das fotografias expressam a “alegria estonteante pelo que foi alcançado”. “Houve alguém que soube registar este momento de forma muito bonita e mostrou-o a Portugal e ao Mundo inteiro”, disse referindo-se a Eduardo Gageiro. Salientou ainda que, mesmo antes do 25 de Abril, o trabalho do fotógrafo foi também uma ‘arma’ da resistência ao fascismo.
As fotos patentes na exposição estão também publicadas no livro “LIBERDADE – Abril/Maio 1974”, editado em 2013 com a parceria da Câmara Municipal do Barreiro.
Eduardo Gageiro, prestigiado fotojornalista português, nasce em Sacavém, a 16 de Fevereiro de 1935.
Começa a sua atividade de repórter fotográfico no ”Diário Ilustrado”, em 1957.
Foi fotógrafo de: “O Século Ilustrado”, “Eva”, “Almanaque”, “Match Magazine”, “Associated Press” (Portugal), “Companhia Nacional de Bailado” e da Presidência da República.
Expõe individual e coletivamente nos cinco continentes, desde 1967.
Tem mais de 300 prémios ganhos em todo o mundo.
Publicou 16 livros, com textos de alguns dos principais escritores portugueses, tais como: José Cardoso Pires, José Saramago, Lobo Antunes, Lídia Jorge, Sophia de Mello Breyner Andresen e Miguel Torga.
Figura na Grande Enciclopédia Portuguesa-Brasileira – “O Grande Livro dos Portugueses” e na “Nova Enciclopédia Portuguesa”.
Expõe fotografias em vários museus internacionais.
Mestre fotógrafo honorário – “Associação de Fotógrafos Portugueses”.
Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.
CMB 2014-04-14
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