O espírito do 25 de Abril

O espírito do 25 de Abril

“Esta é a madrugada que eu esperava

O dia inicial inteiro e limpo

Onde emergimos da noite e do silêncio

E Livres habitamos a substância do tempo”

Sophia de Mello Breyner

É urgente um Abril Novo!

Trinta e sete anos passaram depois daquela madrugada de 25 de Abril de 1974, acabando de vez com uma ditadura; mas, actualmente existe “outra” com este Governo que “não vê” ou “não quer ver”, os valores éticos e deontológicos dos trabalhadores portugueses, arrasando por completo com todas as esperanças, desprezando os direitos pelas suas carreiras e dignidade como seres humanos.

Naquela altura, conquistámos a democracia, mas passados todos estes anos, ainda não se atingiu a sua maturidade com responsabilidade, com verdadeira participação; e não se consolida e não se impõe, porque os nossos governantes, invariavelmente continuam mais preocupados em semear protagonismo do que em cultivar um clima de sã partilha de opiniões. Não têm perfil político e o seu comportamento não é o de “pessoas de bem”, (comprometeram-se com promessas que não cumpriram e estão reféns dos interesses instalados), resolvem sempre os assuntos de forma a tornar a vida dos trabalhadores cada vez mais penosa, não actuando de igual forma perante si próprios (mantendo todas as mordomias e prebendas).

“Ordinariamente todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?”

(Eça de Queiroz, 1867 in “O distrito de Évora)

Eça de Queiroz há 144 anos, escreveu esta premonição. Como é possível a actualidade do texto, com tamanha distância temporal!

Desta forma o Futuro de Portugal está comprometido.

A palavra que se impõe é o combate, com amor, com firmeza, determinação, persistência, mobilização e finalmente com um voto de esperança e de confiança em que a construção de um Tempo Novo, ainda poderá finalmente chegar.

É preciso agir sem demora!

Maria João Quaresma

Barreiro, 23 de Abril de 2011

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