Referi-mo-nos no nosso número de 16 de Julho de 1935 último, aos melhoramentos introduzidos na estação do Barreiro, pelos quais muito beneficia a importante e industrial vila da margem Sul do Tejo.

Por esse artigo tiveram os nossos leitores ensejo de tomar conhecimento de algumas obras que honram quem as dirigiu. Mas muito mais, tem sido levado a efeito naquela estação e nos dois quilómetros de linha até Lavradio, inclusive.

A estes importantes trabalhos, vamos hoje refe­rir-nos, embora em notícia sucinta, para que fiquem arquivados nas colunas da Gazeta.

Assim, temos que, inaugurado o serviço de com­boios pela variante estabelecida entre Barreiro e La­vradio, no dia 21 de Julho p. p. já foi demolido, o ignóbil antigo apeadeiro de Barreiro A, bem como a casa de guarda de aspecto também desagradável que ali existia. Em substituição deste apeadeiro, está agora funcionando num edifício próprio a nova estação de Barreiro A, oferecendo aos passageiros duas amplas gares.

Em Lavradio, também foram construídas amplas gares, servindo a via dupla; novos cais, armazém de mercadorias e um poço, estão em via de conclusão. Ao mesmo tempo importantes modificações das linhas tiveram lugar ainda nesta estação, sem perturbação da circulação dos comboios.

Todos os trabalhos a que nos referimos estão a cargo do Serviço de Conservação (Via e Obras) da C. P, de que é chefe o engenheiro Sr. Augusto de Barros, e, são dirigidos peio nosso querido amigo e capitão de Eng.¹ Jaime Jacinto Galo, chefe da 4.ª Cir­cunscrição de Via e Obras, e pelo chefe da ll.^a Secção do mesmo serviço, Sr. Luís Cavaleiro.

Tiveram inicio os trabalhos para a construção da via dupla entre Barreiro e Lavradio (2 quilómetros de linha com carris de 18 metros e peso 40 quilos por metro contendo 32 mudanças de via, 2 transversais funções duplas e 3 atravessamentos) no dia 7 de Fevereiro, último, com o estudo da implantação do traçado e do respectivo perfil longitudinal, o qual comporta um movimento de terras superior a 23.000 m3 dos quais 22.00 m3 já foram removidos pelos comboios de serviço que diariamente têm circulado, fazendo descarga em vários aterros da ll,^a Secção.

Na estação principal de Barreiro (Barreiro-Mar), o assentamento das linhas já se encontra concluído, sendo feito sobre dados de cantaria metidos em betão, como se vê na estação do Rossio; tão importante obra de saneamento deve-se à iniciativa do engenheiro sr. Neff Sobral, da Direcção Geral de Caminhos de Ferro.

De passagem diremos que também aqueles trabalhos de saneamento na estação do Rossio foram dirigidos pelo nosso amigo Jayme Gálio.

A comodidade dos passageiros será completada pelas instalações de luz eléctrica, feita pelos processos mais modernos, sob a direcção proficiente do Inspector Sr. Bolina dos Serviços Eléctricos de Tracção.

justos louvores são devidos ao pessoal da 5.” Cir­cunscrição de Exploração, o qual tem sabido resolver todas as dificuldades para evitar transtornos no ser­viço do movimento criados pelo facto de quási todos os trabalhos de modificação das linhas e das gares, serem de execução simultânea, sem paralisação de manobras e muito menos de circulação de comboios.

Tão importantes trabalhos têm empregado mais de 700 trabalhadores, pedreiros, canteiros e carpinteiros.

Custeados pelo Fundo Especial de Caminhos de Ferro, estão em execução sob fiscalização administrativa da Direcção Geral de Caminhos de Ferro, representada pelo Inspector Técnico Sr. Caetano Ribeiro, devendo importar em mais de 200 contos.

Não se limitam ao novo troço de Barreiro a La­vradio, os importantes melhoramentos ultimamente realizados no Sul e Sueste; também a cidade de Se­túbal fica devendo a Cotinelii Teimo, um lindo apea­deiro na Praça Quebedo, construído pela H.” Secção de Via e Obras, e a inaugurar ainda no corrente mês.

Entre Fontainhas e Cachofarra, novos e importantes trabalhos estão em via de conclusão, nos terrenos conquistados ao rio Sado, pelas Obras do Porto de Setúbal.

Em Ermidas ampliou-se considerável m ente a esta­ção. Entre Alcácer do Sal e Grândola, está-se cons­truindo a nova estação de Vale de Guiso, etc.

A todos estes trabalhos situados além de Lavradio contamos fazer referência brevemente.

In: Gazeta dos caminho de de ferro de 1935