O Barreiro é pródigo nas chamadas celebridades de bairro. E o que são estas celebridades? São aqueles que por algum motivo pessoal se tentam particularmente destacar na sua área de intervenção, mas através da vaidade, do protagonismo do “eu”, da conservação da sua “quinta”, pelo jogo de influências, etc…
São aqueles que aquando dos eventos públicos os outros comentam: – Olha fulano tal disse isso, ou, sicrano está ali e tem uma camisola bonita, etc… São aqueles que se encontram nos almoços e jantares institucionais ou não, que fazem tertúlias, que se adoram e odeiam uns aos outros e que ao fim ao cabo se julgam os grandes protagonistas das vaidades e vivem para o seu umbigo.
Na nossa pequena Terra, que é o Barreiro temos muito disto, o problema não é a sua pretensa vaidade ou tentativa de notoriedade, é sim, o ridículo em que muitas vezes estas celebridades caiem e o erro de considerarem que não há vida para além do nosso pequeno Barreiro e da sua reduzida esfera de influências. O problema das celebridades de bairro é que não têm problemas em atropelar ideologias, posturas políticas progressistas, actuar pelo subjectivo e pela aparência e não pelo objectivo, e terem no essencial vistas curtas, julgando se enormes no seu ego, não passam por um olhar distante e frio daquilo que realmente são: artistas de circo no espectáculo que é a vida social e política barreirense. Não percebem, estas personagens que 90 a 95% da população não sabe quem eles são e que vivem com graves dificuldades sociais, económicas, políticas e culturais, não se preocupando com as disputas que estas celebridades protagonizam.
E onde estão estas celebridades de bairro? Perguntam vocês: Estão nas autarquias, nas Assembleias, estão em algumas associações, estão em instituições várias, estão na pretensa comunicação social local, etc, etc

“Não há nada tão ilusório como a extensão de uma celebridade; parece às vezes que uma reputação chega até aos confins de um reino – quando na realidade ela escassamente passa das últimas casas de um bairro”

Fonte: Eça de Queiros “Cartas de Inglaterra”

Realmente, o nosso Barreiro está cair numa pobreza franciscana com esta pseudo elite no seu seio.

Nuno Miguel Ferreira