A Escola Superior de Tecnologia do Barreiro acolheu a sessão pública do Plano de Urbanização (PU) da Quimiparque e Áreas Envolventes, ontem, dia 12 de Abril.
Na mesa estiveram Nuno Lourenço, da RISCO, José Veludo, da NPK (Gabinete de Arquitectura Paisagista também envolvido no desenho do Plano), Fonseca Ferreira, Presidente do Arco Ribeirinho Sul, o Presidente da Câmara Municipal do Barreiro, Carlos Humberto de Carvalho, o Vereador Rui Lopo, responsável pela área do Planeamento e o Presidente da Junta de Freguesia do Lavradio, Adolfo Lopo (moderador).
Na sua intervenção Fonseca Ferreira recordou que o Arco Ribeirinho Sul foi introduzido no Plano Regional de Ordenamento do Território (PROT), aprovado em 2002. Refira-se que o Arco Ribeirinho Sul corresponde a uma faixa litoral que vai da Fonte da Telha a Alcochete.
Segundo Fonseca Ferreira a ideia que esteve na base da criação do Arco Ribeirinho Sul foi a de “avançar com a requalificação ribeirinha sul, tal como a norte do Tejo (na zona da Expo), com o objectivo de criar uma Metrópole de duas margens”.
Desta forma, serão requalificados três territórios, a ex-Quimiparque, a Siderurgia e a Margueira, em Almada, no sentido de dar vida ao conceito de uma cidade aeroportuária com vários pólos.
As questões ecológicas foram segundo José Veludo, da NPK, trabalhadas e aprofundadas. O Plano de Urbanização foi elaborado de forma a reconhecer e a respeitar a coexistência entre o Homem e os sistemas naturais.
O Plano foi apresentado por Nuno Lourenço, da RISCO. O território que será intervencionado tem no total, uma extensão de 600 hectares, dos quais 300 pertencem ao território da Baía do Tejo (Quimiparque) e os restantes, a zonas que se consideraram importantes integrar no mesmo.
O PU está a ser construído com um conjunto de entidades, nomeadamente a APL, RAVE, REFER, Parque Expo 98, Metro Sul do Tejo, EMEF, Estradas de Portugal, C.P., Transtejo, Soflusa e a CCDR-LVT.
Segundo o que foi aprovado em Conselho de Ministros, no âmbito do Arco Ribeirinho Sul, este Plano será executado ao longo de 18 a 20 anos e poderá abarcar 20 mil habitantes.
O PU inclui três zonas. Uma mais empresarial, logística e portuária, com actividades do sector secundário; outra mais ligada ao sector terciário, próxima da futura Gare do Sul e uma outra localizada de frente para Lisboa.
O Plano contempla, ainda, três grandes centralidades. Uma em torno da Gare do Sul. Esta será uma estação multimodal, um interface de transportes públicos que articula a ferrovia pesada e ligeira, os transportes colectivos e o transporte individual.
A Praça Central será outra centralidade e situa-se onde é hoje o porto da Tanquipor e aí surgirá um jardim urbano.
A terceira centralidade é o Porto de Recreio, toda a zona do actual terminal rodo-ferro-fluvial, mais ligada à náutica de recreio e equipamentos de diversão de elevada qualificação.
O PU prevê a preservação de diversas estruturas e marcos da História industrial do Barreiro, tais como a Casa Museu Alfredo da Silva, o Bairro Operário, algumas chaminés, a rotunda das máquinas (comboios), Estação Sul e Sueste, edifício das oficinas da EMEF, entre outros.
“O Plano tem capacidade para sobreviver”
Na fase de debate um munícipe questionou se o adiamento da nova Travessia do Tejo influencia a execução do PU.
Carlos Humberto de Carvalho respondeu que a Terceira Travessia do Tejo (TTT) é um elemento importante porque “introduz uma nova centralidade e uma proximidade aos restantes pólos da Área Metropolitana que neste momento não existe”. O autarca adiantou que o território de 600 hectares vai sendo transformado de acordo com os ritmos e irá adaptar-se às novas realidades. “O Plano tem capacidade para sobreviver. É muito importante que este reserve um corredor para a Ponte, para quando esta for construída.” Por outro lado, se houver Ponte nos próximos anos, o Plano concretiza-se a curto prazo, caso contrária a sua estrutura terá de ser reajustada, mas o seu conceito e concepção serão mantidos e por outro lado e o seu faseamento tem de ser ponderado. “Para nós, a ponte é uma necessidade para o Concelho, para a Região e para o País. A Ponte terá de ter com funções ferro e rodoviárias. Estamos numa fase que podem haver atrasos mas se houver Alta Velocidade até ao Poceirão, a Ponte é obrigatória.
Adolfo Lopo quis saber se a Ponte tiver apenas a componente ferroviária se pode passar a existir uma barreira de acessibilidade entre o Lavradio e o Barreiro. “Estamos em condições de poder assegurar as acessibilidades também para a solução rodoviária? Os acessos ficam prejudicados?”
Em resposta, Nuno Lourenço explicou que está previsto no PU um corredor principal da TTT. A solução foi estudada e articulada com a RAVE “foi afinada para a Ponte não inviabilizasse a construção de uma Avenida Central que vai permitir interligar o Lavradio, a Gare do Sul, a Praça Central e a zona histórica do Barreiro.
Um munícipe defendeu a reabilitação das casas velhas do Barreiro e condenou a criação de novas zonas habitacionais para evitar a especulação imobiliária. Em resposta, Fonseca Ferreira referiu que a economia funciona pela procura e o PU tem de ter essa flexibilidade.
A ponte Barreiro-Seixal para o Metro Sul do Tejo despertou a curiosidade de um munícipe que questionou se a mesma permitirá navegar no Rio Coina. O Vereador Rui Lopo esclareceu que ainda não há uma resposta efectiva porque o MST ainda não chegou ao Seixal, apesar de estar contemplado no PU o futuro tráfego de embarcações para o porto de recreio previsto para a zona onde é hoje o terminal rodo-ferro-fluvial.
Já na recta final, foi colocada a questão se o PU contempla vias de fácil acesso para quem tem mobilidade reduzida. Rui Lopo adiantou que a versão final do Plano estará aprovada no início do segundo semestre deste ano e irá contemplar as reflexões feitas em todas as sessões, no âmbito do período de participação pública. Esclareceu que o PU “deve apontar uma série de mecanismos que facilitem em sede de projecto e não terá, por agora, um nível de detalhe”.
CMB 2011-04-13
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