Da decisão dos portugueses determinará se os nossos filhos e netos, provavelmente bisnetos também, não terão de viver num mundo pouco recomendável, do ponto de vista social e económico, detestando-nos por lhes deixarmos apenas obstáculos para vencerem.
As forças do mercado tomam conta do planeta e lideram não só as Finanças como a própria vida das pessoas, se entretanto o povo continuar a olhar para o lado e a promover aves de rapina, seus próprios inimigos.
O capital brilha intensamente e cegará tudo que se lhe oponha, tornando-se lei para todo mundo, desvirtuando as democracias, apossando-se das fantásticas tecnologias presentes e futuras.
Contudo a história humana emerge no indivíduo com direitos, cada vez mais exigente e condutor do seu próprio destino. É neste binómio antagónico, povo que se deixa dominar e povo que se opõe ao que se joga de negativo para o futuro, que as sociedades na primazia da liberdade individual rejeitaram carreiros de rebanhos.
Para entender o que poderá ser o futuro é bom que se compreenda o presente e não nos parece que as últimas escolhas dos líderes governamentais em Portugal tenham sido um bom sinal para esta reflexão.
O último governo nos seis anos a desfazer o que restava de Portugal foi uma hecatombe de que nos temos de levantar. O Governo caído no dia cinco fica na história como o que mais vendeu soberania portuguesa, o que a mais baixo crescimento económico o país obrigou, o que mais desemprego lhe acrescentou, o que maior divida pública amontoou, o que mais portas abriu para a emigração de jovens qualificados, o que mais empolou o Estado de organismos e amigos na babuje dos tachos.
E o Governo que na orla das eleições o segue? Nada de bom parece trazer para Portugal! Liberal e obediente ao trio externo que traçou a régua e a esquadro o caminho estreito por onde os portugueses terão de passar nos próximos anos e de onde os ventos anunciam que lá no fim o caminho é mais estreito, se não mesmo sem espaço para prosseguirmos.
A queda do Governo peca por tardia. O que acaba de chegar ao poder não tem querer. Reverência obediente é-lhe imposta pelo memorando assinado a que se propõe ir mais além como discípulo obediente.
A democracia é assim, dizem os que a não praticam. Portugal foi a eleições e o povo escolheu. Condicionado pelo fosso que o Governo abriu e convencido de que da Europa nos vêm tapar o buraco de novo cedeu. O Povo não tinha por onde escolher, diziam apresentadores e seus convidados bem escolhidos na comunicação social. Dos partidos submissos ao trio externo, o PS, apesar do aparente rebuliço mediático na campanha eleitoral, estava moribundo à partida, o CDS, sempre pronto a alianças que o transportem ao poder, jogou no previsível e lá estará no jogo combinado, obediente à ajuda externa.
O PSD jogou com os trunfos todos, as cartas do PS estavam há muito fora do baralho, e o resultado anunciado com antecedência seguira a via traçada pela trupe Europeia neoliberal.
E o PSD chega ao trono sem coroa que poisa na troika externa.
Tudo fora preparado e bem propagandeado na comunicação social por vendedores ideológico que esvoaçam pela rádio e em especial pelos canais da TV. Incansáveis na promoção do itinerante e novato político de repente envolto pelos barões do partido na roda do novo senhor de Portugal. Cheira bem, cheira a taxo recheado e todos querem provar o pitéu. E o povo pá? Votou como tem votado no prolongamento do presente. Mudou a cara dos protagonistas apenas. O resto é só diferença de estilo, que de política é mais do mesmo.
E nesta perspectiva cabe-nos a pergunta a seguir a este retrato nacional!
– E agora Barreiro? –
Para que lado te voltarás antes de ficares decrépito. Voltar à indústria de química pesada é coisa do passado, faz parte da sua honrosa história, Barreiro Operário, não tem mais futuro.
Pior ainda se o tratamento de resíduos vier emporcalhar, empestar, torná-lo mal cheiroso e doente.
O regresso à pesca é uma opção que não deve ser tomada como salvação da economia barreirense e da criação de emprego para os seus cidadãos.
A aposta no turismo seria uma proposta com futuro. O Barreiro tem uma costa ribeirinha de grande beleza. Poderia ser estudada e oferecida como sector económico de retorno ao crescimento populacional, assegurando acessibilidades e força para a concretização da Terceira Travessia do Tejo, a grande porta de entrada ao futuro do Barreiro.
Os barreirenses insignes devem somar-se na discussão de um projecto para a expansão do Barreiro.
A história portuguesa dos últimos anos do século xx prossegue, obstinada e sem mudança no século xxi, é uma história traçada em Lisboa que condicionou o Barreiro a um fraco desenvolvimento, mas um dia toda a verdade será contada na sua real escala de valores.
Carlos Alberto (Carló)
2 Responses to "E agora Portugal?"
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