– O Capitalismo é o fim da História ?
Nos últimos 20 anos muitos autores “decretaram” o fim das ideologias e o triunfo final e definitivo do sistema capitalista e dos incensados mercados.
Depois da implosão da União Soviética (1991), este sistema económico, financeiro e político de governança de um mundo unipolar, mostrou na verdade, uma tenacidade e uma resiliência além do que julgar se podia à luz das teses marxistas.
Em todo o planeta, milhões de trabalhadores convictos de que o Socialismo, porque socialmente mais justo, politicamente mais democrático e economicamente mais equânime, seria o futuro da Humanidade, sentiram (perceberam) mais distante o desiderato.
– Em Portugal a experiência revolucionária do 25 de Abril, rompeu as grilhetas de uma ditadura feroz, comandada pelo poder económico monopolista e respaldada numa organização política policial e fascista.
Depois dos avanços na conquista de uma sociedade mais justa, mais fraterna e mais igualitária, a contra-revolução “descobriu” as bondades da democracia formal e as benesses do capitalismo liberal e globalizado, numa Europa de ricos que prometia “mundos e fundos” e agora nos arrasta para a submissão e a desgraça.
– Historicamente tivemos a pouca sorte de ter em Portugal um Partido Socialista, primeiro sem ideologia ( quão distante do Partido Socialista de Salvador Allende !…) e depois sem alma, que começou por dar a mão aos grupos económicos monopolistas e terminou um primeiro ciclo ( com Mário Soares) a abrir as portas à recuperação capitalista. Com Guterres e Sócrates, o PS, fautor de uma política de direita e refém de uma orientação tecnocrática (com muitos “boys” num aparelho de estado clientelar e corrompido), num segundo ciclo, acabou por entregar o poder político à direita “social-democrata”, neoliberal e capitalista, que comanda também os destinos sombrios de uma Europa em acelerado processo concentracionário.
– Com a prosápia de quem chegou ao local do desastre e tinha tudo para o evitar, mas agora já não tem como mitigar os efeitos, o PSD de Passos Coelho, segue uma orientação ideológica classista, em que a austeridade não é um meio mas um fim em si mesma. O objectivo, não declarado, é destruir todas as conquistas populares da revolução democrática e instituir um sistema ultraliberal, capitalista e imperialista subjugado ao eixo franco-alemão.
Querem convencer-nos que a austeridade é inevitável e só nos resta a via sacra dos sacrifícios, mesmo sabendo que no fim não haverá qualquer redenção. A recessão económica aí está, as condições de vida de largos sectores vão-se detiorando, a pobreza e a miséria alastram “esPESinhadas” com as “sopas dos pobres”.
Portugal está no limiar de um grave retrocesso civilizacional! É tempo de reencontrar o Cântico Negro de José Régio e a sua determinação insubmissa : “Não sei por onde vou, não sei para onde vou, – Sei que não vou por aí !”.
Barreiro, 19/8/2011
Armando Sousa Teixeira
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