1. Não teria ainda 20 anos quando passou no Cine-Teatro dos Ferroviários um filme magnifico, “Zorba, o grego”, com interpretações magistrais de Anthony Quinn e Irene Papas. Estávamos no tempo da “outra senhora”, a mensagem muito forte não era propriamente revolucionária, por isso o filme passou na Censura.
Era impossível, no entanto, não perceber as similitudes da vida e da sociedade grega, com a realidade portuguesa em locais do nosso litoral piscatório ou das ilhas atlânticas. Lá estava o peso conservador das tradições, o atavismo de preconceitos ancestrais, o terror dos dogmas religiosos, a estrutura classista e caciqueira dominante, os dramas da emigração “obrigatória”.
Grécia um país lindíssimo, repartido entre ilhas formosas e agrestes, e metrópoles carregadas de testemunhos da civilização clássica, berço da História. Tal como Portugal, lindo jardim à beira-mar atlântico-mediterrânico, velha nacionalidade cheia de legados históricos. Ambos países periféricos, atrasados na contemporaneidade autocrática dos anos 60.
2. Mas os gregos que tinham resistido aos invasores alemães nazis, derrubaram a ditadura militar sangrenta e instituíram a democracia política!
Tal como os portugueses que em Abril de 1974, com os militares patriotas, derrotaram o fascismo e o colonialismo!
Depois, gregos e portugueses, trabalharam para vencer o atraso, agiram para acabar com a pobreza, lutaram para melhorar a repartição da riqueza! Infelizmente cometeram o mesmo erro capital, confiaram na social-democracia que agenciou a recuperação do capital!
Alimentámos durante muitos anos o desejo de conhecer a Grécia, demasiado distante contudo para um orçamento familiar sempre apertado. Agora será mais difícil, o programa de “desausteridade” que fustiga os dois países, com a mesma filosofia substantiva de desastre económico e de austeridade recessiva, não permite aos portugueses saírem e aos gregos receberem com a hospitalidade e a cordialidade que a revolta e o protesto embotam.
O que o capitalismo ultraliberal está a fazer à Grécia e aos gregos é um crime de lesa humanidade!
Tal como está a fazer a Portugal! Em graus e estadios diferentes, a situação encaminha-se para o mesmo final de desastre e de destruição.
É preciso dizer basta!
Juntamos a nossa voz ao protesto no Sábado, dia 15, do Marquês de Pombal a S. Bento. Pela Grécia! Por Portugal!
13/10/2011
Armando de Sousa Teixeira
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