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DIA DA MULHER MOÇAMBICANA

DIA DA MULHER MOÇAMBICANA




HOJE 7 DE ABRIL É O DIA CONSAGRADO À MULHER MOÇAMBICANA



DATA DA MORTE FÍSICA DE UMA MULHER QUE LUTOU PELA SUA EMANCIPAÇÃO


Josina Machel (em solteira, Josina Muthemba) foi uma das jovens que na juventude fugiu de Moçambique para se integrar na Frelimo e lutar pela independência do seu país. Em 1969, Josina casou-se com Samora Machel Primeiro presidente de Moçambique, a quem deu um filho, mas morreu no dia 7 de Abril de 1971, vítima de doença. Com a independência de Moçambique, este dia foi consagrado como o Dia da Mulher Moçambicana.

A cidadania é muito mais que o direito de votar, implica a igualdade de oportunidades, principio que vigora desde a primeira Constituição de Moçambique (1975) mas que é melhor explicitado no artigo 67º da Constituição de 1990, cito: - “O homem e a mulher são iguais perante a lei em todos os domínios da vida política, económica, social e cultural.”

Malangatana Valente Ngwenya, DEDICA GRANDE PARTE DA SUA OBRA À mulher MOÇAMBICANA, vê-a como um pilar da sociedade, assumindo frequentemente o papel de pai e MÃE, enfrentando no dia-a-dia a parte maior das dificuldades que a vida impõe. Nesta frase, o Mestre, revela o seu sentir “não estou desiludido com a mulher com quem casei. Ela é superior a mim".

Hoje é dia de celebração, é feriado em Moçambique, que seja, também, de consolidação e esclarecimento quanto à caminhada a fazer para que augurem, num futuro próximo, a equidade de oportunidades a que têm direito.

ARFER

Escolhi estas palavras de JOSÉ CRAVEIRINHA, Extraídas de: “CRAVEIRINHA, José. Obra Poética. Maputo: Direcção de Cultura, Universidade Eduardo Mondlane, 2002. .


REMENDOS DE ESTRELAS

Remendos de estrelas
passajadas no espaço
reconstroem todo o céu.

Mãe:

E se não houvesse estrelas
se o teu ventre me não gerasse
e se o céu em vez de infinito
fosse de pergamóide azul?

Que espécie de poesia, mãe
faria um poeta que não renuncia
exatamente como eu
à cor com que nasceu?

E COM UM POUCO DE MÚSICA E RITMO COM “CHEIRO” DE MOÇAMBIQUE.

É DIA FESTIVO !!!







MILLÔR FERNANDES

MILLÔR FERNANDES

O MUNDO ficou mais pobre, Millôr Fernandes decidiu ir ter com Chico Anysio, dois gênios das artes, das letras com humor, do pensamento, da irreverência inteligente, do bom gosto.



AQUI VOS DEIXO O POEMA DE QUE MAIS GOSTO, DESTE GÉNIO CRIADOR

Poesia Matemática

Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia
doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida
paralela à dela
até que se encontraram
no infinito.
"Quem és tu?", indagou ele
em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
a almas irmãs)
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
traçando
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
constituir um lar,
mais que um lar,
um perpendicular.
Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade
integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes
até aquele dia
em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
freqüentador de círculos concêntricos,
viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade.
Era o triângulo,
tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração,
a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser
moralidade
como aliás em qualquer
sociedade.

Millôr Fernandes

Texto extraído do livro "Tempo e Contratempo", Edições O Cruzeiro - Rio de Janeiro, 1954, pág.