OS DESEMPRECÁRIOS

OS DESEMPRECÁRIOS

  « Deixem passar, deixem passar !

       Estamos  à rasca,

       Viemos aqui para lutar ! »

   A partir de hoje fica decretado o fim da « geração rasca »!

   Quase 300 mil jovens, mais uns quantos (muitos!…) “cotas”,  encheram a Av. da Liberdade, a Praça dos Restauradores, o Rossio e as ruas da Baixa até à Praça do Comércio. Uma marcha compacta, iniciada pouco depois das 15 horas no Marquês de Pombal, só terminou perto das 18 horas, quando a cauda da manifestação chegou aos Restauradores.

    Só as grandes jornadas de 1975 em defesa da Revolução de Abril, se podem comparar aquilo que vivemos ontem na Baixa de Lisboa.

      « Querem-nos calados, têm-nos revoltados!»

    Sempre acreditamos na juventude portuguesa, na sua generosidade e capacidade de construir o futuro. Não aceitamos o “conflito de gerações” como motor da história. Esse é um predicado da luta de classes que não tem idade.

        « Desempregado, velho para trabalhar, novo para se reformar! »

     Participámos em todas as manifestações convocadas pela CGTP. Na última, grandiosa, terão estado 150 mil pessoas. Hoje, garanto-vos, eram o dobro!

        « Tirei uma licenciatura para receber o RSI!… »

    Para quem receava cenas de violência, para os securitários do CIS e da Polícia, que costumam fazer “cordões de segurança” (como na última manif. anti – NATO!), a manifestação dos “portugueses à rasca” (somos, transversalmente, muitos mil!), foi uma esmagadora lição de civismo. Desta vez não apareceram!

       « Se os meus pais tiverem de emigrar fico sem alegria e sem futuro!»

     Crianças às cavalitas, como fazíamos com os nossos filhos à trinta e tal anos (uma réstia de saudade!…) Dizem-nos que lá para a frente vai um grupo de neo – nazis ( não vimos!). Mas vimos grupos de “anarcas”, com cores vermelhas e pretas e cartazes com frases características. Tão completamente absorvidos na formidável corrente humana que quase não se dava por eles!…

          « Mãe de precários e emigrados.

             À rasca estamos todos! »

    Um rio de irreverência e inconformismo corre com a alegria e originalidade que exorciza o trabalho precário, o desemprego, os estágios não remunerados, a emigração – exílio.

           « O Povo unido jamais será vencido! »

    A nostalgia de uma revolução revertida, incumprida. Depois desta extraordinária jornada nada ficará como dantes.

    Mais cedo do que tarde o protesto e a indignação darão lugar á exigência cívica de uma mudança de políticas e de políticos que ponha fim à desgraça neoliberal e capitalista.

          « À rasquinha estamos (quase) todos! »

     O ponto é a transformação e a mudança!

     No próximo sábado dia 19 de Março, às 15 horas, a luta continua!

 Barreiro. 13 de Março de 2011

 Armando de Sousa Teixeira 

Fotos:  Alvaro Teixeira

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