OFICINA “TELEFONIA DE ABRIL”

OFICINA “TELEFONIA DE ABRIL”

Alunos descobrem os sons da Revolução

Os alunos da turma 6º C da Escola Secundária de Santo António participaram, hoje, dia 10 de abril, na Oficina “Telefonia de Abril”. Ao som da canção “E Depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho, os alunos entraram no estúdio de rádio (improvisado), na Biblioteca da escola.

A iniciativa foi desenvolvida por Tânia Cardoso, da ARTEMREDE, Teatros Associados, e promovida pela Câmara Municipal do Barreiro, através do Serviço Educativo da Divisão de Cultura e Património Histórico e Museológico.

Ao longo de mais de uma hora, a animadora, de uma forma interativa, foi explicando a história da Revolução dos Cravos utilizando, para o efeito, canções emblemáticas, fotografias, cartas escritas por militares e, até, soldadinhos de brincar.

“O que é a Revolução?” Esta foi a primeira questão lançada aos alunos. Eles foram dizendo palavras associadas: revolta, manifestação, mudança. Foi-lhes explicado que a palavra Revolução resulta da união de duas: revolta e evolução.

Ao mostrar a fotografia de Salazar, Tânia Cardoso foi explicando que ele foi o líder do Partido Único e vivia-se nessa altura numa Ditadura, em Portugal. Depois de ouvirem o seu discurso na rádio, os alunos conseguiram dizer os valores em que ele acreditava: Deus, Pátria, Família.

Tânia Cardoso explicou que “Salazar queria criar um império português e dizia muitas vezes orgulhosamente sós, enquanto outros países já tinham libertado as suas colónias, Portugal, pelo contrário, mantinha-as”.

Acrescentou ainda que “vivia-se num Estado sem liberdade de expressão, um Estado autoritário, com a existência da polícia política – PIDE, a polícia secreta. Existia a censura nos órgãos de Comunicação Social, através da Comissão da Censura”.

Canções preparam Revolução

Alguns artistas portugueses, no exílio, começaram a trabalhar a Revolução, caso de Mário Cesariny, Ary dos Santos, Sofia de Mello Breyner, Sérgio Godinho e Zeca Afonso. “Através das suas cantigas e dos seus poemas conseguiam driblar a censura”, referiu Tânia Cardoso.

A rádio ia transmitindo canções de Sérgio Godinho e Zeca Afonso.

Na ocasião, foi lida uma carta que um soldado escreveu na guerra de Angola, para a sua irmã, numa época em que as mulheres ficavam à espera dos maridos, irmãos e filhos.

A animadora recordou o importante papel do Capitão Salgueiro Maia no período que antecedeu a Revolução, quando andou a recrutar militares, dizendo: “preciso de gente de palavra honrada”.

Explicou como foi combinado entre os militares que estavam em diversos quarteis, todo o processo revolucionário e de como as canções “E Depois do Adeus” e “Grândola Vila Morena” foram os sinais para o avanço das tropas para o momento da Revolução.

Falou-lhes do Largo do Carmo, onde Salgueiro Maia faz ultimatos a Marcello Caetano e este acaba por entregar o poder ao General António de Spínola.

Mostrou fotos desses momentos. A água servida aos capitães e os cravos colocados nas espingardas.

Ouve-se a gravação do discurso público de Spínola.

Falou do regresso dos políticos exilados, tais como Álvaro Cunhal, Mário Soares e de muitos artistas que regressam ao seu País.

Na fase final da Oficina, os alunos foram desafiados a construir um cravo de papel e a idealizar uma letra para uma música. Para tal, foram tirando palavras de uma caixa e construíram a seguinte letra: O vento sopra nas asas de uma gaivota e dá força à Revolução e lá fora, com resistência, está o capitão. E cantaram-na no final.

CMB 2012-04-10

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